China vai aumentar as compras de carne do Brasil

Até o final do ano, a China deve autorizar a ampliação das importações de carnes brasileiras, principalmente de cortes de bovino. A informação é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, que encerrou na sexta-feira sua visita àquele país, onde manteve contatos com autoridades governamentais e chefiou uma missão empresarial. Segundo ele, os governos brasileiro e chinês também negociam a criação de um grupo de trabalho conjunto para desenvolver projetos estratégicos de longo prazo para o comércio bilateral no agronegócio.

No próximo dia 14, uma missão técnica chinesa vem ao Brasil para inspecionar frigoríficos, revelou o ministro. A visita é uma das últimas etapas do processo de negociação de ampliação das exportações brasileiras de carnes para aquele mercado. “Há enormes perspectivas de vendas para as carnes de gado e de frango”, destacou o ministro, lembrando que a China é o maior produtor mundial de suínos. Por isso, observou, os embarques do produto para aquele país não devem ter aumentos expressivos.

Nos últimos 12 meses, as exportações brasileiras de carnes para a China somaram US$ 6 milhões, representando 9 mil toneladas. Do total, US$ 2,4 milhões foram de suíno in natura, US$ 1,6 milhão, de frango in natura, R$ 500 mil, de bovino in natura e US$ 1,5 milhão, de outras carnes, principalmente miúdos. O Brasil projeta um aumento significativo no comércio de carne de gado para a China país com 1,3 bilhão de habitantes, dos quais 400 milhões de consumidores em potencial, e com previsão de crescimento de 7% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

“Temos um grande potencial agropecuário”, ressaltou o ministro. “A China, por sua vez, tem um crescente aumento de demanda por alimentos e energia”, complementou. “O país vive um forte processo de urbanização, o que vem estimulando o êxodo rural, e há uma expectativa de redução da sua safra de grãos.” Essa situação, na avaliação de Rodrigues, cria uma enorme expectativa para o agronegócio brasileiro. Entre outros produtos, o Brasil tem interesse em vender ao mercado chinês álcool combustível.

Diante disso, o ministro decidiu apresentar aos ministérios chineses da Agricultura e da Administração Estatal para Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena e ao setor cooperativo daquele país a proposta de criação de um grupo de trabalho conjunto para estudar um projeto estratégico para o agronegócio. Nos próximos dias, informou ele, o Ministério da Agricultura chinês deve enviar ao Brasil uma minuta do protocolo de intenções. “A idéia é assinar o acordo em meados de 2004, durante a visita do presidente Lula à China.”

Rodrigues confirmou ainda, que os importadores chineses não vão criar obstáculos à soja transgênica produzida no Brasil. “Eles só querem que o produto seja rotulado.” Hoje, os embarques do complexo soja representam 75% sobre o total exportado para aquele mercado. De janeiro a setembro deste ano, as exportações brasileiras de soja para a China chegaram a US 1,369 bilhão, o equivalente a 6 milhões de toneladas.

Em sua viagem à China, o ministro participou de dois seminários Overview on Brazil, no último dia 4, em Xangai, e no dia 5, em Pequim. Ainda na capital chinesa, ele fez palestra sobre o agronegócio brasileiro durante o China Business Summit, organizado pelo World Economic Fórum, além de manter contatos autoridades e empresários locais.

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