China desiste de aumentar tarifas

O governo chinês decidiu ontem revogar o aumento, planejado para entrar em vigor amanhã (1.º de junho), sobre as tarifas para exportações de produtos têxteis, anunciado no último dia 20. O ministro da Economia da China, Bo Xilai, disse que as cotas estabelecidas pelos EUA e pela União Européia (UE) violam as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) e que o governo chinês irá ?proteger com firmeza? seus direitos, sem especificar que ações o governo irá tomar.

Segundo anunciado anteriormente pelo Ministério das Finanças da China, as novas tarifas seriam aplicadas a 74 produtos têxteis. A tarifa para a maioria dos produtos passaria para 1 iuane (US$ 0,12), contra os atuais 0,2 iuane (US$ 0,02). A tarifa em alguns produtos poderia chegar a 4 iuanes (US$ 0,48), segundo o ministério. A lista irá incluir calças, camisetas e roupas íntimas.

O passo atrás foi dado em meio aos preparativos para a visita do secretário de Comércio dos EUA, Carlos Gutierrez, à China. A UE disse estar ?surpresa? com a decisão chinesa, mas pediu ao governo da China que continue as negociações.

O governo americano anunciou no dia 19 deste mês que irá ampliar o número de produtos têxteis na lista de cotas de importação de produtos da China, para proteger o setor têxtil americano. A nova lista irá conter calças, camisas e fios, que não constavam da lista anunciada pelo governo anteriormente.

Os têxteis são apenas parte da lista de queixas da UE e dos EUA à China, juntamente com as que dizem respeito ao câmbio do iuane em relação ao dólar e ao euro – a moeda chinesa é mantida desvalorizada artificialmente, o que barateia seus produtos nos mercados externos e torna os produtos americanos e europeus menos competitivos – e à pirataria, que acontece em larga escala na China, de músicas, filmes, software, entre outros produtos.

O governo americano diz que as importações de roupas e de outros produtos têxteis da China estão 54% acima do nível do ano passado. Já na UE, as importações de camisetas da China cresceu, nos primeiros quatro meses do ano, 187% em relação ao mesmo período de 2004.

EUA e UE dizem que, pelos termos de entrada da China na OMC, os parceiros comerciais do país permitem que sejam impostas barreiras a produtos chineses que ameacem seus mercados, mas Xilai diz que não foram apresentadas provas adequadas de que os mercados da UE e dos EUA estejam sendo prejudicados.

?Na nossa opinião, esse movimento (de restrições às importações chinesas) carece de fundamento legal e está, portanto, incorreto?, disse o ministro. ?Os EUA e a UE não forneceram dados adequados (…) Isso não é razoável.?

Segundo ele, as cotas aos produtos chineses estão prejudicando uma indústria que emprega cerca de 19 milhões de pessoas na China, na maioria pobres, e que refletem o insucesso de ambos em prosseguir com a redução de tarifas iniciada em janeiro. ?A razão verdadeira, fundamental para isso é que os EUA e a UE não conseguiram implementar honestamente e com boa fé seus compromissos.?

Mesmo assim, o ministro disse que a China quer manter relações comerciais saudáveis com os EUA. ?Há áreas em que podemos buscar benefícios mútuos. Portanto, estamos otimistas quanto ao futuro dessa parceria comercial bilateral.?

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