Bancários de todo o país devem entrar em greve amanhã, por tempo indeterminado. Ontem a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários tiveram nova rodada de negociações – a sétima, desde o dia 10 de agosto. A proposta feita pelos bancos, porém, não atende às reivindicações da categoria, e a tendência é a paralisação dos trabalhadores por tempo indeterminado.
?A proposta apresentada não atende às nossas reivindicações. Um reajuste de 2,85% cobre apenas a inflação do período?, criticou o presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, José Paulo Staub. Na nova proposta, a Fenaban elevou o índice de reajuste salarial de 2% para 2,85%, mas não ofereceu aumento real. Já os bancários reivindicam reposição da inflação mais aumento real de 7,05%.
A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) também teve nova proposta: a Fenaban ofereceu o pagamento de 80% do salário, mais R$ 823 de parte fixa, além de um adicional de R$ 750 para os funcionários dos bancos que tiverem crescimento de pelo menos 20% no lucro líquido. A proposta anterior previa o pagamento de 80% do salário, mais R$ 816, acrescidos de R$ 500, para os bancários de instituições que tiverem crescimento de pelo menos 25% do lucro líquido.
?Nosso indicativo é de rejeição a essa proposta. Não vamos abrir mão dos ganhos reais que conquistamos em 2004 e 2005?, afirmou Staub. Em Curitiba, os bancários vão se reunir hoje, a partir das 19h, em assembléia, na Sociedade Thalia, para decidir se aceitam a proposta apresentada ontem pela Fenaban ou se radicalizam o movimento e partem para a greve por tempo indeterminado.
?Nossa proposta é de que não devemos aceitar. A PLR está muito aquém do que os bancos podem pagar. Ainda há campo para avançar mais?, afirmou Staub, acrescentando que, conforme levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), em 82% das negociações feitas no primeiro semestre houve ganho real. ?Os banqueiros, com a lucratividade enorme que tiveram, não querem repassar nada para a categoria?, reclamou.
A data-base da categoria é 1.º de setembro. As negociações vêm ocorrendo desde o dia 10 de agosto. Até a semana passada, a Fenaban insistia em conceder índice zero de reajuste salarial. A proposta de reajuste de 2% foi feita um dia depois da paralisação de 24 horas da categoria.
Reivindicações
Além da reposição da inflação acumulada nos últimos 12 meses (2,85%) e o aumento real de 7,05%, os bancários reivindicam ainda 5% do lucro líquido linear para todos, mais um salário bruto acrescido de R$ 1.500 – a título de PLR, elevação do piso da categoria de R$ 839,93 para R$ 1.500, auxílio-creche/babá no valor de R$ 350 (o valor atual é R$ 165,34), entre outros benefícios.
Dos 108 sindicatos filiados à Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, ligada à Central Única dos Trabalhadores), já estão em greve o sindicato do Rio de Janeiro (capital), Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Pernambuco, Salvador e região, Sergipe, Florianópolis, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Piauí, Campina Grande (PB) e Bauru (SP). Em todo o Brasil há cerca de 400 mil bancários.
Uma das greves mais longas da categoria foi em 2004, quando a paralisação durou 28 dias. No ano passado, após seis dias de paralisação em outubro, os bancários receberam reajuste de 6% (1% de aumento real), mais R$ 1.700 de abono e PLR mínima de 80% do salário, mais R$ 800.


