Cesta básica tem a maior queda desde junho de 2000

Com variação de -5,01%, a cesta básica de Curitiba registrou em junho a maior queda desde junho de 2000 (-5,77%). Foi a segunda deflação consecutiva do índice, que em maio foi de -3,99%. Com a queda, o acumulado no ano passou de 7,46% para 2,07%. No primeiro semestre do ano passado houve redução de -4,6%. Nos últimos doze meses, o custo da alimentação básica ainda contabiliza alta de 24,61% na capital paranaense. Os dados foram divulgados ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).

Custando R$ 155,33, a cesta básica de Curitiba se manteve como a quinta mais cara entre as dezesseis capitais pesquisadas. O valor mais alto foi registrado em São Paulo (R$ 169,22) e o menor em João Pessoa (R$ 134,94).

Todas as capitais apresentaram deflação no último mês. A maior queda ocorreu em Belém (-10,18%) e a menor em Recife (-0,37%). Em Curitiba, que ficou com a sexta maior retração, a alimentação consumiu 64,72% do salário mínimo bruto.

Para uma família curitibana de quatro pessoas (casal e duas crianças), o custo dos alimentos essenciais em junho foi de R$ 465,99, ou seja, 1,94 salários mínimos. Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário deveria ser R$ 1.421,62. Este valor é apurado conforme definição da Constituição, em seu artigo 7, capítulo IV: “capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”.

Produtos

Dos treze itens que compõe a cesta, dez tiveram diminuição de preços em Curitiba. A banana teve a maior redução (-19,28%). “A queda foi influenciada pela entrada da safra e redução das exportações, que fez os produtores aumentarem a oferta no mercado interno”, justificou o economista Sandro Silva, do Dieese. As reduções de preço na batata (-17,98%) e tomate (-17,53%), que pressionaram positivamente no início do ano, foram motivadas pela entrada da segunda safra.

Os preços da farinha de trigo (-7,11%), açúcar (-5,76%) e óleo de soja (-3,56%) foram influenciados pelo recuo das cotações internacionais e, em menor grau, pela valorização de 20% do real frente ao dólar no primeiro semestre. Também ficaram mais baratos: carne (-3,08%), manteiga (-1,95%), pão (-0,49%) e feijão (-0,32%).

A principal pressão positiva veio do arroz, com elevação de 16,17%. Contribuíram para essa alta a quebra de safra de 10% no Rio Grande do Sul, principal produtor, e a postergação de importações do Uruguai e Argentina, explicou Silva. “Para reduzir o impacto do aumento, o governo está utilizando medidas para facilitar as importações e ampliar a concorrência com o produto nacional”, cita.

No ano, o trigo registra a maior redução (-20,57%), seguido de carne (-9,01%), açúcar (-6,43%), óleo de soja (-4,24%) e feijão (-2,11%). A batata detém o maior aumento (41,75%), vindo na seqüência arroz (23,57%), manteiga (23,14%) e café (15,87%).

Para julho, os técnicos do Dieese projetam deflação. “Na primeira semana, alguns produtos, como tomate, batata e carne mantém a queda. Além disso, o desemprego elevado e a queda da renda do trabalhador também contribuem para reduzir os preços”, diz Silva, citando ainda a queda nas cotações internacionais de commodities e a desvalorização cambial que não foi integralmente repassada. O que pode prejudicar a queda do preço dos alimentos é o clima. “Se houver geadas, o preço dos hortigranjeiros deve ser afetado”, aponta o economista.

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