Cesta básica subiu mais que o salário

O feijão, o óleo de soja e a carne foram os produtos que mais tiveram alta no mês de dezembro, e ajudaram a elevar o custo da cesta básica em Curitiba, que aumentou 1,04%. Com isso, o custo para a alimentação de uma família de quatro pessoas foi de R$ 561,69. Porém no acumulado do ano, a capital paranaense teve uma variação de 11,46%, e ficou com o menor aumento entre dezesseis capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – o maior aumento foi em Aracaju com 24,38%.

De acordo com o economista do Dieese de Curitiba, Sandro Silva, o feijão já vinha com preços altos desde setembro, e nos últimos três meses acumulou um aumento de 43,90% – sendo 24,64% somente em dezembro. ?O clima seco atrasou o plantio, e esse preço só deve cair após a safra?, comentou. O aumento da cotação internacional e as exportações da soja influenciaram no preço do óleo, que em Curitiba subiu 12,45% em dezembro.

A estiagem também influenciou o preço da carne, que em Curitiba subiu 8,08% no mês passado. De acordo com Sandro Silva, a seca refletiu na alimentação animal, que teve que ser complementada com ração, elevando o custo da produção. Aliado a isso, no final do ano há um consumo maior do produto em função do pagamento do décimo terceiro salário. ?A carne é um item com forte impacto na cesta básica, pois segundo o IBGE ela representa 39% do custo da alimentação?, disse Silva.

Entre os produtos que mais tiveram queda nos preços no mês de dezembro estão a batata (21,93%), o tomate (18,71%) e a banana (8,08). Esses números são reflexo da colheita da safra, quando há mais oferta no mercado. Segundo Silva, um fato curioso é que só nos meses de outubro e novembro a batata subiu 50% e foi um dos principais produtos que refletiu no aumento de 3,44% da cesta básica.

Nas capitais

Os dados divulgados pelo Dieese mostram que a cesta básica encerrou o ano de 2007 acima do reajuste do salário mínimo, que foi de 8,57%, em abril. Pela pesquisa, O Estado de São Paulo manteve-se como a mais cara do País pelo segundo mês consecutivo e em dezembro passou a valer R$ 214,63. Em seguida vêm a de Porto Alegre (R$ 212,92) e a de  Belo Horizonte (R$ 204,80).

As mais baratas foram as de João Pessoa (R$ 155,09) e Recife (R$ 155,41). Curitiba ficou em décimo lugar, com R$ R$ 187,23. Segundo cálculo do Dieese e com base na cesta básica o salário mínimo deveria corresponder a R$ 1.803,11 em dezembro para suprir todas as despesas de um trabalhador e sua família relativas a alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Limpeza e higiene mais baratas

Ao contrário da cesta básica, os produtos de limpeza e higiene apresentaram uma queda de 2,47% nos preços no mês de dezembro em Curitiba. Os produtos de limpeza que tiveram influência nesse cenário foram o sabão em barra, que caiu 10,43%, e o detergente líquido, que teve queda de 5,97%. Já no segmento higiene, a maior redução ocorreu nos preços do desodorante, com 10,36%, e do bronzeador, com 9,55%.

De acordo com o economista do Dieese, Sandro Silva, esses dois segmentos tiveram uma variação de 1,56% no ano, ficando, portanto, abaixo da inflação do período, que deve fechar em 4,5%. Silva ressalta que embora para algumas pessoas esse índice possa parecer pequeno, o brasileiro gasta, segundo o IBGE, 5% do seu orçamento com limpeza e higiene. ?Por isso é importante fazer uma pesquisa de preços antes de comprar para reduzir o impacto no orçamento?, ponderou.

E na pesquisa, o Dieese identificou que entre os produtos de limpeza que tiveram as maiores variações estão o balde (112,97%), o sapólio em pó (105,70%), o rodo (100,50%) e o pano de chão (82,52%). Já entre os produtos de higiene as maiores variações ocorreram no sabonete (157,89%), creme dental (64,08%) e absorvente (53,72%).

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