Pressionada pelo tomate, que subiu 76,86%, a cesta básica de Curitiba fechou março com aumento de 5,47%. É a segunda maior variação desde outubro de 2001 (5,84%). Desde então, só perde para novembro do ano passado (9,29%). No primeiro trimestre, a cesta já encareceu 9,67%. Nos últimos doze meses, acumula elevação de 35,70%, o maior percentual nesse comparativo desde 95, conforme levantamento divulgado ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
Em março, o custo da cesta para o trabalhador curitibano foi R$ 168,89, o quarto maior entre as dezesseis capitais pesquisadas, consumindo 83,45% do salário mínimo bruto. Todas as capitais tiveram aumento; a variação de Curitiba foi a quinta maior. A mais alta foi registrada em Goiânia (6,83%) e a menor em Recife (0,53%). Para uma família (casal e duas crianças), o custo da alimentação básica em Curitiba foi estimado em R$ 500,67, o equivalente a 2,5 salários mínimos.
Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário deveria ser R$ 1.466,73. Este valor é apurado conforme determina a Constituição, no artigo 7, capítulo IV: “capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e as de sua família”.
Produtos
Nove dos treze produtos pesquisados ficaram mais caros no mês passado. Porém, se o valor do tomate tivesse ficado estável, a inflação da cesta seria 0,18%, destacou o coordenador do Dieese, Adilson Stuzata. O incremento do tomate, explicou, foi provocado pela quebra de produção em função das chuvas excessivas e forte calor. “A partir da segunda quinzena de abril há tendência de queda, com a entrada de produto de São Paulo”, observou o economista Sandro Silva, do Dieese. O tomate terá impacto de 0,1 no INPC de março, estimado em 1%. A segunda maior elevação ocorreu no café (7,37%). “O produtor preferiu exportar que colocar no mercado interno”, argumentou Stuzata.
Também tiveram alta: manteiga (6,93%), banana (3,31%), açúcar (2,86%), leite (2,79%), óleo de soja (2,68%), arroz (2,52%) e batata (1,86%). A maior queda foi registrada na farinha de trigo (-2,88%), influenciada pela redução da cotação internacional e do câmbio. As outras retrações ocorreram na carne (-2,31%), feijão (-1,56%) e pão (-1,22%). No ano, os maiores aumentos acumulados são do tomate (89,38%) e batata (59,22%). Nos últimos doze meses, óleo de soja (100%) e tomate (98,15%) lideram as altas. O feijão registra o maior recuo no ano (-11,23%) e no acumulado (-7,33%). Os treze itens da cesta representam 14,5% do orçamento das famílias que ganham até oito salários mínimos.
“Salvo alguma surpresa, em abril a cesta deve apresentar variação próxima de zero, com possibilidade de deflação”, diz o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese. Na primeira semana, o tomate continuou subindo (de R$ 2,14 para R$ 3,33 o quilo), mas houve diminuição no preço da carne, leite, pão, café e batata, comparado às médias de março. “Se o câmbio se estabilizar nesse patamar, o impacto mais imediato para o consumidor será no preço dos alimentos vinculados às commodities agrícolas e num segundo momento, nos produtos industrializados”, aponta Cordeiro.
Exportações estão em alta
Olavo Pesch
As exportações da indústria da alimentação paranaense em janeiro deste ano foram 40,9% maiores em quantidade e 102,46% superiores em valor (US$ FOB), comparadas ao mesmo mês do ano passado. O preço médio da tonelada exportada pelo Estado saltou de U$ 190 para U$ 280. Em um ano, o nível de emprego do setor cresceu 5,68%, com criação de 5.135 vagas. Os 95.471 trabalhadores representam cerca de 25% do total de empregos industriais do Paraná, sendo o setor que mais emprega. “Com a guerra no Iraque, haverá um grande boicote contra EUA e outros produtores de aves e carnes. Por isso, há uma grande expectativa de resultados positivos no emprego, produção e na balança comercial brasileira e, principalmente, do Paraná, a partir de abril”, analisa o presidente da Federação dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Paraná, Ernane Garcia Ferreira.


