Cesta básica de Curitiba teve a maior alta do País

Com variação de 3,04%, a cesta básica de Curitiba registrou em outubro o maior aumento entre as 16 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), seguida de Florianópolis (2,79%) e Rio de Janeiro (2,31%). Onze cidades tiveram elevação de preços. A maior queda ocorreu em Aracaju (-4,04%). A cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 165,62) e a mais barata, a de Recife (R$ 123,10). Com a alimentação essencial custando R$ 155,70, Curitiba passou de quarto para terceiro lugar no ranking das capitais.

A variação do custo dos alimentos na capital paranaense surpreendeu os técnicos do Dieese. “Esperávamos uma variação positiva, porém menor”, assinala o economista Sandro Silva. Com a alta expressiva do último mês, o acumulado do ano passou de -0,71% para 2,31%. De janeiro a setembro do ano passado, o acumulado era de 5,49%. Nos últimos doze meses, a cesta curitibana encareceu 12,95% – contra 8,24% em igual período do ano passado. A taxa mensal de outubro foi a segunda maior do ano, inferior apenas à de março (5,47%). Depois de subir 11,9% de janeiro a abril, a cesta recuou 13% entre maio e agosto, mas nos dois últimos meses soma 5,05%.

Produtos

Entre os 13 itens da cesta básica, seis tiveram aumento – a maioria em função da entressafra. O maior foi o do tomate (38,64%), que já tinha registrado alta de 6,02% em setembro. De acordo com Silva, o incremento no preço do tomate está relacionado à diminuição da oferta, com o fim da safra no Paraná e nos principais produtores do País (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). “A tendência é que em novembro o tomate continue pressionando, mas não de forma tão expressiva”, estima Silva. Se o preço do tomate tivesse ficado estável, a variação da cesta em Curitiba teria sido de 1,02%.

O segundo maior impacto veio da carne. Embora o percentual tenha sido bem menor (3,62%), representou 35,3% do custo da cesta. Conforme o economista do Dieese, a alta da carne foi influenciada pelo clima seco, que prejudicou as pastagens. “O gado emagreceu e os produtores preferiram exportar, reduzindo a oferta no mercado interno”, aponta Silva, ressaltando que o aumento da carne poderia ter sido maior, “não fosse a situação econômica de aumento do desemprego e queda na renda”. O pão subiu (2%), apesar de a farinha de trigo ter registrado queda de 4,35%. “Muita gente do setor aproveitou para lucrar”, comenta o economista do Dieese. Também apresentaram incremento de preço: manteiga (1,69%), café (1,55%) e banana (1,22%).

A maior redução foi a do óleo de soja (-7,39%), refletindo o câmbio e a boa safra, que ampliou a oferta. “A produção de soja cresceu 13,5% no Paraná e 23,8% no Brasil”, cita Silva. Houve retração ainda no arroz (-6,44%), batata (-5,41%), açúcar (-3,28%), feijão (-1,20%) e leite (-0,91%). No ano, a banana teve o maior aumento (26,72%), seguida do café (21,11%) e arroz (20,38%). A batata teve a maior redução (-32,04), vindo na seqüência a farinha de trigo (-24,57%) e o óleo de soja (-16,10%). Para as commodities, espera-se aumento de preços, em função do avanço das cotações internacionais.

Para outubro, a expectativa do Dieese é de nova variação positiva, porém em patamar inferior ao do mês passado. Entre os produtos que podem pressionar, Silva aponta carne, tomate, batata, óleo de soja e leite. Mesmo com elevação, o custo da cesta básica deverá fechar o ano com variação menor que no ano passado (16,46%). Silva estima que a oscilação fique ao redor de 8%, salientando que a comparação é sobre uma base elevada. “Os alimentos subiram muito no ano passado, chegando ao pico de R$ 170,33 em abril”, lembra.

Salário mínimo necessário seria de R$ 1,3 mil

Para cumprir o que estabelece a Constituição, o salário mínimo necessário em outubro deveria ser de R$ 1.391,37. Este valor é calculado pelo Dieese com base no artigo 7, capítulo IV, que define o salário mínimo como capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e as de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

Para um trabalhador residente em Curitiba que ganhe um salário mínimo, a alimentação essencial representou um custo diário de R$ 5,19. Isso significa um comprometimento de 64,88% do salário mínimo bruto e 70,25% do salário mínimo líquido. O custo da ração alimentar mínima para uma família curitibana foi de R$ 467,10, o que equivale a 1,95 salários mínimos.

Emprego

Outro levantamento divulgado ontem pelo Dieese, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, apontou incremento de 0,64% no nível de emprego com carteira assinada no Paraná em setembro. Das 10.113 vagas, 74,67% foram geradas no interior do Estado. Com o resultado de setembro, o total de trabalhadores no mercado formal passou para 1,588 milhão. No ano, o resultado é o melhor desde 94: 82.330 vagas, sendo 88,62% no interior (72.964 empregos) e 11,38% na Região Metropolitana de Curitiba (9.366).

Os setores que mais tiveram aumento nas contratações nesse ano foram: agricultura (18.056 postos), indústria de alimentos e bebidas (13.507) e comércio varejista (13.311). As maiores quedas foram registradas na construção civil (-1.442), material elétrico e de comunicações (-1.322) e administração pública (-369).

Voltar ao topo