Cesta básica de Curitiba subiu 1,71% em janeiro

O curitibano desembolsou 1,71% a mais em janeiro para consumir os produtos da cesta básica, conforme pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Nos últimos doze meses, o custo da alimentação essencial acumula variação de 23,28%. Para uma família curitibana (casal e duas crianças), a alimentação básica custou R$ 464,34, enquanto em janeiro de 2002 o valor era R$ 376,65. Só no segundo semestre de 2002, os itens encareceram 22%.

Quinze das dezesseis capitais pesquisadas pelo Dieese tiveram alta no último mês. Apesar de registrar a quinta menor variação, a cesta de Curitiba (R$ 154,78) foi a quarta mais cara. O maior valor foi encontrado em Porto Alegre (R$ 164,97) e o menor em João Pessoa (R$ 125,97). O maior aumento ocorreu em Fortaleza (10,90%). Belo Horizonte registrou a única queda (-0,27%).

“O índice surpreendeu negativamente, já que se esperava estabilidade ou redução de preços no primeiro mês de 2003”, comenta o coordenador regional do Dieese, Adilson Stuzata. Historicamente, os preços dos alimentos apresentam variação menor no primeiro semestre, em função da safra agrícola, cita o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese. Em janeiro de 2002, a cesta de Curitiba teve deflação de 3,92%.

Produtos

Nove dos treze itens pesquisados tiveram alta em janeiro. “Os três maiores aumentos não têm justificativa em função de variação do preço pago ao produtor ou do preço internacional. Pode ser recuperação de margem, reposição de estoque ou um movimento altista”, aponta Cordeiro.

O maior aumento foi o da banana (27,47%), que já tinha subido 13,90% em dezembro. A elevação de preço em plena safra poderia ser explicada pelo incremento de 120% na exportação brasileira da fruta em 2002, segundo Cordeiro. Já a farinha de trigo ficou 21,67% mais cara. “Os preços internacionais continuaram em alta, mas em outras capitais houve queda”, observa. A manteiga subiu 13,85%, contra 29,17% em dezembro. “Deve ser recuperação da margem de lucro dos laticínios.”

A redução de safra provocou alta de 9,71% na batata, enquanto o óleo de soja (9,54%) e o café (3,44%) tiveram majoração decorrente das cotações internacionais. Os preços do arroz (0,64%) e do pão francês (0,50%) ficaram praticamente estáveis. Não houve alteração no valor do açúcar. A maior queda, pelo segundo mês consecutivo, foi registrada no tomate (-14,16%), em função do período de safra, que aumenta a oferta do produto. Também houve retração no preço da carne (-2,88%) e feijão (-1,09%).

Poder aquisitivo

Em janeiro, a cesta básica comprometeu 77,38% do salário mínimo bruto – contra 69,75% em janeiro de 2002. “Os alimentos estão subindo bem mais que os salários, reduzindo o poder aquisitivo da população”, assinala Cordeiro, lembrando que os índices de inflação de janeiro devem ficar ao redor de 2%, quase um quarto da meta anual de 8,5% estipulada pelo Banco Central. Pelos cálculos do Die-ese, o salário mínimo necessário para cumprir a Constituição deveria ser R$ 1.385,91. “Levaria quinze ou dezesseis anos para chegar nesse valor, com aumentos reais de 12% ao ano. Com aumento real de 4%, o salário mínimo chegaria a R$ 450,00 em dezesseis anos.”

Em fevereiro, o feijão deve pressionar o custo da cesta básica. O preço ao produtor subiu 120% nos últimos doze meses, enquanto a alta ao consumidor foi de 2,17%. “A expectativa para o período de fevereiro a junho é de variações baixas da alimentação, com deflação em alguns meses”, espera Cordeiro. O que pode alterar esse cenário, segundo ele, é a deflagração do conflito entre EUA e Iraque. “Se a guerra for prolongada, haverá impacto no câmbio e os produtos sujeitos à variação cambial sobem.”

Estado exportou US$ 3 bilhões

Os principais produtos exportados pela indústria de alimentação do Paraná em 2002 totalizaram US$ 3,01 bilhões, representando 52,90% do total das exportações estaduais. O valor foi 7,46% superior ao de 2001, porém a quantidade (em quilograma líquido) caiu 3,99%. “Os preços internacionais fizeram o valor faturado aumentar”, analisou o economista Cid Cordeiro, do Dieese, que ontem divulgou os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) junto com a Federação dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Paraná. Apesar de aumentos significativos nas vendas internacionais do complexo soja e cortes de aves, houve redução expressiva no volume de milho.

De janeiro a novembro do ano passado, houve incremento de 7,58% nos empregos da indústria de alimentação do Paraná, que abriu 6.440 vagas. No mesmo período, a produção industrial do setor teve ampliação de 5,97%, o consumo de energia cresceu 3,79%, o recolhimento de ICMS aumentou 9,78% e as vendas industriais tiveram acréscimo de 10,07%. O segmento da alimentação é o maior empregador da indústria paranaense, somando 91.350 postos de trabalho em novembro do ano passado. (OP)

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