Aliocha Mauricio / O Estado do Paraná
Tomate passou de vilão a herói.

Depois de três altas consecutivas, o custo da cesta básica em Curitiba finalmente fechou o mês em queda: deflação de 2,05% registrada em julho. O tomate e a carne foram os principais responsáveis pela derrubada de preço, não apenas em Curitiba como em outras nove capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Outras seis capitais pesquisadas fecharam o mês com alta.

Em Curitiba, dos 13 itens que compõem a cesta básica, seis tiveram o preço elevado, outros seis, reduzido, e um permaneceu estável. O tomate foi o item que apresentou a maior queda (-11,98%) e de maneira generalizada: das 16 capitais pesquisadas, dez apresentaram redução no preço. De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, o tomate vinha apresentando tendência de alta, devido ao período de entressafra e redução da oferta. O quilo do tomate no varejo custava cerca de R$ 2,17 em junho, em Curitiba, e passou para R$ 1,91 em julho.

A carne, outro item que empurrou para baixo o preço da cesta básica, apresentou queda de 3,29% no mês. Segundo Sandro Silva, o produto aumentou durante cinco meses seguidos – alta acumulada de 4,92% -, e a queda se deve pelo fato de o preço já estar em patamar elevado. Das 16 capitais pesquisadas, a carne registrou queda em dez, sendo que Curitiba registrou a segunda maior queda, atrás apenas de Belo Horizonte (-14,63%). De acordo com Sandro Silva, caso o preço dos dois produtos – tomate e carne – tivesse permanecido estável, a cesta básica na capital paranaense teria subido 0,46%.

Outros itens que tiveram redução de preço foram a banana (-9%), a manteiga (-5,52%), óleo de soja (-4,52%) e café (-1,02%). A queda do preço da banana, segundo Silva, se deve ao aumento da oferta e concorrência com outras frutas da época. Já a queda do óleo de soja é atribuída à redução na cotação internacional e à questão cambial. “Em meses anteriores, houve uma alta especulativa”, afirmou.

Na outra ponta, registraram alta a batata (20,54%), o açúcar (8,05%), farinha de trigo (5,16%), feijão (4,72%), arroz (1,95%) e pão (1,02%). O leite foi o único item que permaneceu estável.

A safra da batata no Paraná acabou, segundo Sandro Silva, e o produto consumido aqui está vindo de outros estados, o que eleva o custo. A alta do açúcar – registrada em 12 das 16 capitais pesquisadas – se deve ao aumento do preço no atacado, puxado pelas usinas, possivelmente para recomposição de preço no mercado interno, acredita o economista. Já a farinha de trigo registrou aumento da cotação no mercado interno, em função do período de entressafra. O repique do dólar em maio e junho também influenciou. “A tendência é que com o início da colheita, em agosto, e a estabilidade do dólar, o preço comece a cair”, afirmou Sandro Silva.

Para agosto, a previsão é de estabilidade do preço da cesta básica ou possível deflação. “A carne acaba determinando o resultado, e por enquanto o quadro é incerto”, afirmou o economista.

Cesta cara

Com os dados de julho, o acumulado da cesta básica no ano em Curitiba é de 3,94% e, nos últimos 12 meses, de 11,01%. A capital paranaense conta com a quinta cesta mais cara do País, a R$ 165,47, atrás de Porto Alegre (R$ 181,83), São Paulo (R$ 173,95), Belo Horizonte (R$ 169,69) e Rio de Janeiro (R$ 165,47). A estimativa é que uma família, composta por um casal e duas crianças, tenha gasto R$ 496,41 com alimentação em julho. Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário para atender moradia, alimentação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, conforme determina a Constituição, deveria ser de R$ 1.527,56.

Cenário nacional

Das 16 capitais pesquisadas, dez apresentaram deflação em julho. As maiores quedas foram verificadas em Vitória (-3,03%), Curitiba (-2,05%) e Rio de Janeiro (-1,40%). Já as maiores elevações foram verificadas em Recife (7,01%), João Pessoa (5,74%) e Fortaleza (4,08%).

Batata subiu 87,5% no ano

Entre os 13 itens que compõem a cesta básica, a batata foi que mais subiu de janeiro a julho: 87,5%. Em seguida, aparece o tomate, que acumula alta de 55,28%, e o óleo de soja, que subiu 10,76% desde o início do ano. Outros itens que também acumulam alta no ano são a farinha de trigo (9,56%), café (7,84%), arroz (3,98%), leite (3,48%) e feijão (2,70%). Já as maiores quedas ficaram por conta do açúcar (-11,32%), seguido pela banana (-7,93%), carne (-5,74%), manteiga (-1,98%) e pão (-1,49%). A média geral ficou em variação positiva de 3,94%.

Já nos últimos 12 meses, o tomate foi o produto que mais subiu (78,50%), seguido pela batata (26,17%) e carne (13,87%). Na outra ponta tiveram queda o açúcar (-24,80%), a manteiga (-15,74%) e o feijão (-2,21%). A média é de alta de 11,01%. (LS)

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