Comprar alimento ficou mais caro.

A cesta básica fechou em alta em Curitiba pelo terceiro mês consecutivo. Em junho, a variação foi de 3,78% – um pouco abaixo do registrado em maio, quando o aumento foi de 4,16%. Com isso, o acumulado no ano é de 6,12%, e o acumulado em 12 meses, 8,76%. Em junho, dez dos 13 itens que compõem a cesta tiveram variação positiva. Os números foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).

?Em dois meses, a alta foi de 8,10%. Foi uma inflação muito alta e não esperada?, comentou o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, referindo-se aos meses de maio e junho. A antecipação do inverno, com chuvas fortes e geada, foi um dos principais fatores que empurraram para cima os preços dos itens da cesta básica.

A capital paranaense tem a quarta cesta de alimentos mais cara do País, ao custo de R$ 168,94. A mais cara é Porto Alegre (R$ 183,08) e a mais barata Recife (R$ 132,30). A alimentação para uma família curitibana, composta por um casal e duas crianças, custou em junho R$ 506,82, sendo necessário 1,95 salário mínimo para satisfazer somente o gasto com alimentação. Para o Dieese, o salário mínimo capaz de satisfazer necessidades como educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte, moradia, alimentação e previdência social, conforme determina a Constituição Federal, deveria ser de R$ 1.538,06.

Curitiba também ocupou a quarta posição – entre as 16 capitais pesquisadas – quanto à variação, atrás de Vitória (7,34%), Rio de Janeiro (6,32%) e Florianópolis (4,82%). Treze das 16 capitais apresentaram alta no mês, com exceção de João Pessoa (-3,38%), Salvador (-1,80%) e Recife (-0,66%).

Alta em dez itens

Ao contrário de maio, quando as altas se concentraram basicamente em dois produtos – tomate, com aumento de 75,76%, e batata, 11% – em junho as variações foram dissolvidas, com aumento em dez itens e queda em três. O tomate voltou a subir, mas em patamares menores (24,71%). De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, o motivo é a questão climática, que prejudicou a colheita e o escoamento, encarecendo os custos de produção. Além disso, segundo ele, este ano há menor oferta do produto.

A segunda maior alta foi da banana (12,87%), cujo aumento é visto como recuperação de preço, já que em maio ela tinha registrado queda de 13,01%. Outros itens que tiveram alta foram o arroz (5,13%), farinha de trigo (4,93%), açúcar (4,82%), feijão (4,48%), leite (3,48%), café (1,44%), batata (0,90%) e carne (0,22%). ?Mesmo que o tomate e a banana não tivessem variado, a alta assim mesmo teria sido de 0,52%?, afirmou Sandro Silva.

Na outra ponta, tiveram queda o pão (-2,72%), óleo de soja (-0,96%) e a manteiga (-0,22%). Para o coordenador do Dieese-PR, Adílson Stuzata, a queda do preço do pãozinho -mesmo com a alta da farinha de trigo – se deve especialmente à concorrência e ao fato de que outros produtos estariam registrando boas vendas e não haveria necessidade de repassar a alta da farinha de trigo para o pãozinho.

Segundo Stuzata, o reajuste do salário mínimo – de R$ 240,00 para R$ 260,00 em maio – já foi dissolvido. ?O ganho real já foi consumido no mês?, afirmou. Antes do aumento, o peso da alimentação em relação ao salário mínimo era de cerca de 71%. Com o aumento, diminuiu para 67,80% em maio. Mas em junho, aumentou para 70,36% com a alta da cesta básica.

Para o mês de julho, a expectativa é que a variação continue positiva, mas com índice menor. ?Se o tomate devolver parte de sua alta e dependendo do comportamento da carne, a gente deve ter alguma surpresa?, falou Cid Cordeiro.

Balanço do semestre

Nos seis primeiros meses do ano, os itens que mais subiram em Curitiba foram o tomate (aumento de 76,42%), batata (55,56%), óleo de soja (15,70%) e café (8,90%). Também acumulam alta a farinha de trigo (4,41%), manteiga (3,78%), leite (3,48%), arroz (1,99%) e banana (1,22%). Por outro lado, registraram queda o açúcar (-17,92%), carne (-2,54%), pão (-2,48%) e feijão (-1,93%).

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