Cesta básica contraria previsões e tem nova alta

Os principais produtos que compõem a cesta básica do curitibano tiveram reajuste médio de 2,06% no mês de abril. É o quarto mês consecutivo que a cesta fecha em alta, contrariando as expectativas dos economistas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese-PR), que esperavam deflação da cesta em abril. Curitiba tem a quarta cesta básica mais cara do País (R$ 170,33), atrás apenas de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Para o coordenador do Dieese-PR, economista Cid Cordeiro, a cesta básica já era para estar em queda desde fevereiro, “mas tem resistido e apresentado variação positiva”. O tomate foi, pelo segundo mês consecutivo, o grande vilão. Em março, o fruto já havia apresentado aumento de 76,86%, e a expectativa era de que não houvesse nova variação em abril, o que não aconteceu: subiu 32,24% no mês passado.

Conforme simulação do Dieese, caso o tomate não tivesse apresentado nova alta, a cesta básica de abril teria fechado com variação negativa de 1,66%. “O tomate conseguiu inverter a tendência de deflação”, comentou o economista. O excesso de chuva, que afetou a qualidade e a produção, foi o principal motivo da alta, segundo Cid. O tomate consumido em Curitiba vem principalmente de São Paulo.

Dos treze itens que compõem a cesta básica, sete tiveram aumento. Além do tomate, subiu o preço do açúcar (3,47%), pão (3,21%), banana (1,99%), feijão (1,93%), arroz (1,84%) e leite (0,99%). No outro extremo, seis itens apresentaram queda: a batata (-12,20%), óleo de soja (-5,86%), carne (-4,87%), manteiga (-2,44%), farinha de trigo (-2,12%) e café (-1,37%).

Expectativa

Para o mês de maio, a expectativa é que haja deflação da cesta básica em Curitiba. “É difícil que os preços dos alimentos se sustentem no patamar em que estão”, apontou Cid Cordeiro. No primeiro quadrimestre do ano passado, a cesta básica registrava deflação de 4,39%, enquanto este ano o acumulado é de 11,93%. Segundo Cid, os itens que mais subiram este ano foram o tomate (150%), a batata (40%), manteiga (21%), banana (20%) e café (14%).

Em relação ao impacto da variação cambial na mesa do consumidor brasileiro – especialmente do curitibano -, Cid explicou que ele demora de dois a três meses para refletir no preço final dos produtos. “Em meados de junho e julho a queda deve acontecer, embora já haja expectativas de redução de preço para maio.” De acordo com o economista, muitas indústrias aproveitam o cenário atual – queda do dólar, dos preços internacionais de safras agrícolas e do petróleo – para repor ou aumentar a margem de lucro. A variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) está sendo estimado em 0,5%, enquanto do IGP (Índice Geral de Preços), em 0,4%. Índices semelhantes foram atingidos pela última vez entre maio e junho do ano passado.

Entre os principais produtos influenciados pelo dólar e bolsas internacionais estão o óleo de soja, a farinha de trigo, o açúcar e o café. No caso da farinha, o preço já caiu 12% em Curitiba desde o início do ano. No entanto, a variação ainda não foi totalmente repassada ao mercado interno, segundo Cid Cordeiro. De acordo com o economista, o produto sofreu queda de 10% no mercado internacional, acrescido à desvalorização do dólar de 19,47%. O mesmo acontece com o pão, cujo preço deveria ter caído 9% desde janeiro, enquanto o registrado é de apenas 4,76%. Itens que também estão com margem em queda – óleo de soja, açúcar e café – têm registrado aumento.

Salário

Levantamento do Dieese aponta que o salário mínimo para o mês de abril deveria ser de R$ 1.557,55 para atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, determinadas pela Constituição (moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social).

Voltar ao topo