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Cenário eleitoral indefinido reforça ainda mais a paralisia da economia

Um voo às cegas. É assim que economistas, advogados especializados em negócios e investidores definem a situação atual da economia: a pouco mais de dois meses da eleição, o cenário está tão indefinido que é difícil saber se, a partir de 2019, o Brasil terá um governo de esquerda ou direita, um presidente reformista ou disposto a ampliar ainda mais o tamanho do Estado. Diante disso, a economia, que já está em marcha lenta, deve se manter em ponto morto até outubro. É uma má notícia, já que reforça a paralisia dos setores, põe investimentos em compasso de espera e pode reduzir ainda mais as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018.

A lentidão da economia está evidente em relatórios como o Focus, do Banco Central, que reúne a média das previsões para o País. A previsão para o crescimento do PIB, que chegou perto de 3% em fevereiro, caiu consistentemente desde então e hoje está em 1,5%. Embora os dados já mostrem o efeito dos problemas até aqui, a eleição poderá agravar o quadro, segundo o economista Álvaro Bandeira, do Banco Modal. “Acho que podemos cair abaixo disso, ficar em 1% ou 1,2%”, afirma. “É um resultado muito ruim, pois fica abaixo do nível necessário para evitar a queda da renda per capita, que é de cerca de 2,5%.”

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, também acredita que a eleição poderá ser mais um fator de estresse para a economia. No início do ano, a equipe do banco chegou a projetar cerca de 3% de avanço para o PIB nacional. Neste mês, revisou para baixo suas previsões e já trabalha com um índice inferior à pesquisa Focus, de 1,3%.

A reticência do investidor em tomar decisões é compreensível, na avaliação do advogado especializado em fusões e aquisições Carlos Mello, do escritório Souza, Mello e Torres, uma vez que o cenário político tem hoje a maior indefinição desde a campanha que levou à primeira vitória de Lula, 16 anos atrás. “Vejo que os empresários brasileiros estão reticentes em fazer associações agora, a se comprometer com resultados ou mesmo em atrair um novo parceiro”, diz. “Três fundos estrangeiros procuraram um cliente meu da área de galpões logísticos. Mas ele acha que agora não é a hora de comprar terreno e fazer galpão, de colocar o capital em risco.”

Depois de dois anos ruins, o mercado de fusões e aquisições esperava um avanço considerável em 2018 – de 15% ante o resultado do ano passado. As expectativas, no entanto, já foram frustradas, de acordo com Rogério Gollo, sócio da PwC, que acompanha os negócios fechados entre companhias. De janeiro a maio, houve um crescimento discreto, de 3,3%, em relação ao mesmo período de 2017. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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