Cédula e moeda de real estão mudando

Rio  – A moeda do real ganhou novo design. A prateada de aço inoxidável está saindo de circulação. A partir de 22 de dezembro só valerá a que tem um círculo dourado, mais reluzente. Mas, para o consumidor, o seu brilho já não é o mesmo. Foi ofuscado pelos aumentos de preços, principalmente de tarifas e produtos básicos. Como o da farinha de mandioca, que encareceu 500% nos nove anos e meio do Plano Real, período em que a inflação, medida pelo IPCA, acumulou 157,10%.

A farinha – de grande consumo entre famílias nordestinas – custava R$ 0,40, em média, em 1.º de julho de 1994, quando foi lançado o plano. Com R$ 1, o consumidor levava 2,5 kg do produto. Hoje o quilo está por R$ 2,40 (R$ 1 compra só 0,42 kg), e foi o produto que mais encareceu este ano: 53%, segundo pesquisa da Associação dos Supermercados do Rio.

Segundo o presidente da Bolsa de Alimentos do Rio, José de Sousa, a causa principal da elevação expressiva da farinha foi a redução da produção de mandioca nas regiões de Paraná, Minas, São Paulo e Nordeste. A oferta tornou-se insuficiente para atender à demanda de consumo que vem crescendo no país.

– Mas não foi só isso. Os preços eram muito baixos no início do real. Os produtores conseguiram a recuperação.

A moeda ou a cédula de R$ 1 (que também está mudando de cara) perdeu o valor também nas padarias. Em 1994 comprava dez pãezinhos. Atualmente, só três ou quatro, dependendo do preço na casa: R$ 0,30 ou R$ 0,25. Os motivos, segundo padeiros, foram as altas do trigo, da energia e dos impostos. O fubá, outro artigo muito procurado por famílias de baixa renda, também subiu bem acima da inflação. O quilo passou de R$ 0,33 para R$ 1,20. Com isso, a moeda só paga 0,83 kg; em 1994, dava para 3 kg.

No setor de higiene e limpeza, o vilão foi o álcool etílico. O preço do litro subiu de R$ 0,43 para R$ 2,40 – 458% em nove anos. Como reação, a consumidora Iracema Assis aboliu o produto da lista de compras.

– Todo mês levava uma garrafa. Hoje acho o álcool supérfluo. Compro coisas mais essenciais, que também subiram muito – afirmou

As mudanças da moeda e da cédula foram decididas pelo Banco Central para evitar falsificações. Nesses nove anos do real, o prejuízo com esse tipo de fraude chegou a R$ 416 mil. O novo modelo da cédula é impresso em papel mais grosso e foram incluídos mecanismos para evitar a falsificação.

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