Casa Branca prevê déficit recorde

Washington – (das agências) – O déficit do governo federal americano no ano fiscal de 2003 alcançará a cifra recorde de 450 bilhões de dólares e aumentará para 475 bilhões no ano fiscal de 2004, anunciou ontem a Casa Branca. A sede do governo americano divulgou ontem suas novas projeções sobre o orçamento federal, que incluem um agravamento do déficit devido à debilidade da economia e a redução de impostos.

Ainda assim, a Casa Branca prevê uma melhora progressiva das contas públicas até alcançar um déficit de 226 bilhões de dólares no ano fiscal de 2008. “Nos próximos anos cortaremos este déficit à metade. É uma prioridade que estamos enfrentando”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, que considerou “gerenciável” o problema.

O déficit previsto para este ano fiscal, que acaba em 30 de setembro, é maior que o orçamento militar previsto para o próximo exercício, de 389 bilhões de dólares.

Os déficit são os maiores em cifras absolutas desde os 290 bilhões do ano fiscal 1992 (com George Bush pai na presidência), inclusive se ajustados ao índice de inflação.

No entanto, o déficit em relação ao Produto Interno Bruto foi ainda maior durante vários anos da presidência de Ronald Reagan (1981-89).

A situação das finanças públicas piorou drasticamente desde a chegada de Bush à Casa Branca, em janeiro de 2001.

No dia 30 de setembro de 2000, Bill Clinton, ajudado pela bonança econômica, fechou o orçamento com um superávit de 236,4 bilhões de dólares, e nas eleições desse ano os candidatos discutiam que fazer com os volumes de dinheiro que previam ter nos cofres públicos no próximo decênio.

No entanto, uma breve recessão em 2001, que foi seguida pelos atentados de setembro desse ano, geraram uma forte redução na atividade e nas receitas do fisco, aos que se uniram os cortes sucessivos de impostos impulsionados por Bush em 2001 e 2003.

Desde o último ano completo de Clinton na Casa Branca (2000), a situação do fisco americano piorou em 680 bilhões de dólares.

Menos gastos

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Alan Greenspan, declarou-se ontem favorável a uma redução de impostos desde que a mesma seja acompanhada por um corte nos gastos públicos para evitar desajustes orçamentários.

“Esse não foi o caso dos Estados Unidos”, enfatizou, falando ante uma comissão da Câmara de Representantes, em um momento em que o presidente George W. Bush aprovou um vasto programa de redução tributária.

Juro baixo

Greenspan sugeriu ontem estar pronto para manter a taxa de juros norte-americana baixa por um período “considerável”, visando estimular a economia e afastar a ameaça de deflação. O chefe do banco central dos EUA acrescentou haver espaço para o Comitê Federal de Mercado Aberto reduzir ainda mais a taxa, que já está no menor patamar em 45 anos, a 1%, se a economia não se recuperar forte o suficiente.

Greenspan afirmou que uma das razões pela qual o Fed adotou essa política agressiva de redução da taxa é a preocupação sobre a possibilidade de que a baixa inflação dê espaço para uma queda generalizada dos preços.

“Existe um cenário nocivo, embora remoto, no qual a inflação se torna negativa em meio a uma demanda agregada fraca, resultando em uma espiral deflacionária corrosiva”, disse.

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