Alternativo

Campanha incentiva a utilização de gás natural como combustível

Há pelo menos duas semanas, é possível observar diversos outdoors espalhados pela Grande Curitiba, mostrando a principal vantagem de ter um automóvel movido a Gás Natural Veicular (GNV): a economia nos valores gastos com combustível. A campanha, incentivando a utilização desse tipo de abastecimento em âmbito estadual, é promovida pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), mas a própria entidade reconhece que, apesar de oferecer vantagens significativas, a utilização do GNV como combustível popular ainda esbarra em alguns obstáculos.

Além de perder boa parte do espaço do porta-malas devido à instalação do cilindro para armazenamento do combustível, quem opta pelo GNV como forma de abastecimento de seu veículo tem que se adequar a uma rede de postos consideravelmente pequena. No Paraná, existem apenas 39 estabelecimentos que oferecem o gás, estando distribuídos por somente oito cidades, a maioria em torno da capital: Campo Largo, Colombo, Curitiba, Paranaguá, Pinhais, Ponta Grossa, São José dos Pinhais e Londrina.

“Realmente a malha paranaense de distribuição do gás ainda é muito tímida porque não houve investimentos do governo do Estado em expandi-la e é justamente por isso que estamos fazendo essa campanha. Queremos incentivar a utilização do GNV para pressionar o governo a aumentar a rede e viabilizar o projeto de levar o gás ao interior”, explica o presidente do Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese. De acordo com ele, a entidade também está fazendo uma pesquisa em diversos municípios do Estado para verificar o interesse e a possibilidade deles em receber o GNV.

O gerente do segmento industrial, GNV e grandes clientes da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), Justino Pinho confirma que o tamanho da rede de distribuição de gás ainda é pequeno no Paraná, mas garante que a administração estadual está trabalhando para que a malha seja ampliada o quanto antes. “Temos uma rede de 500 quilômetros de gasoduto, mas ainda não conseguimos o interior. Por isso, além de estarmos planejando aumentar a extensão do gasoduto, estamos trabalhando com outras possibilidades, como o transporte do Gás Natural Comprimido (GNC) para as regiões que ainda não recebem o combustível de forma direta”, explica.

De acordo com ele, a Compagas pretende “interiorizar o gás para uso como combustível automotivo” e já estuda a viabilidade para levá-lo por meio dos gasodutos virtuais – transporte com caminhões – para os municípios de Guarapuava, Cascavel, Castro e Campo Mourão. “Para ampliarmos a rede do gasoduto enterrado, precisamos que haja consumo suficiente para cobrir os investimentos. Por isso, estamos começando com o GNC. Assim, podemos criar a demanda para que as cidades possam receber o gasoduto no futuro”, garante o gerente. A empresa já distribui gás desta forma para os municípios de Paranaguá, Pinhais, Colombo e Curitiba.

Questionado sobre o porquê de grandes cidades do Estado ficarem de fora dos planos do GNC, Pinho argumenta a respeito de cada uma delas. “Londrina já é atendida e ainda estamos concretizando a ampliação do gasoduto neste ano. Maringá também está nos planos do gasoduto. Já Foz do Iguaçu, por ser muito longe, a implantação ainda não é viável. Apesar disso, essa cidade também está nos nossos estudos”, afirma. O gerente da Compagas ainda reforça que “as cidades precisam ter uma estrutura mínima para atender cliente final”.

Allan Costa Pinto/O Estado
Benefícios são grandes, diz Roberto Fregonese.

Vantagens

Os benefícios de utilizar o GNV como combustível são bastante conhecidos, mas F,regonese faz questão de relembrá-los. “Se você tiver R$ 50 para abastecer seu carro, vai andar com 179 quilômetros com etanol, 186 quilômetros com gasolina e 414 quilômetros com GNV. Além de ser muito mais em conta, é um combustível limpo, menos poluente”, ressalta o presidente do Sindicombustíveis-PR. Outra vantagem de abastecer o veículo com gás seria o desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). “Para os automóveis com outros combustíveis, é cobrado 2,5% sobre o valor do veículo. Quem usa GNV paga só 1%”, explica.

Já para os taxistas, principais usuários de GNV em Curitiba, o benefício de usar este combustível já não é tão atrativo quanto antes. “O gás ainda vale a pena, mas já foi bem mais vantajoso. Antes era muito mais barato, agora só economizamos entre 20% e 30% com o combustível”, opina o presidente do Sindicato dos Condutores de Táxi Autônomos e Empregados no Estado do Paraná (Sinditáxi), Abimael Mardegan. Para ele, o valor cobrado pelo metro cúbico de gás não deveria passar de R$ 1. Atualmente, o preço praticado fica em torno de R$ 1,49.

Manutenção

Quem deseja passar a utilizar o gás natural como combustível de seu carro, antes de pensar na economia, deve lembrar que há um gasto inicial para fazer a conversão do automóvel para esse tipo de abastecimento, com a instalação de um cilindro no porta-malas. O custo para adequar o veículo fica em torno de R$ 3 mil. Fregonese, entretanto, garante que, com a economia proporcionada pela utilização do GNV, o valor é recuperado com rapidez. “Em cerca de seis meses, o usuário já consegue recuperar o investimento devido à economia com o combustível”, comenta.

Apesar de parecer um valor alto, este é o único custo específico para os carros que utilizam GNV como combustível, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios Automotivos do Paraná (Sindirepa-PR), Wilson Bill. “A utilização do gás requer mais manutenção do veículo, mas não do cilindro em si, que deve passar por uma requalificação a cada cinco anos só. Um elemento importante é a regulagem do motor, que deve ser muito boa porque, como usa um combustível mais fraco, o veículo acaba exigindo um pouco mais da ignição”, explica.

Bill ainda alerta para o fato de que qualquer intervenção nos cilindros, em automóveis que utilizam GNC como combustível, deve ser feita somente em oficinas credenciadas. “A manutenção geral do veículo pode ser feita em qualquer lugar, mas não se deve deixar que curiosos tentem fazer consertos no cilindro. Além disso, é preciso ter cuidado com a procedência do equipamento para não acabar comprando mercadorias roubadas”, orienta.

O presidente do Sindirepa-PR ainda garante que a única possibilidade de acontecer acidentes com veículos movidos a gás é somente se a manutenção for mal feita. “Se as intervenções forem feitas em oficinas credenciadas, o risco é zero porque o GNV evapora facilmente”. Fregonese concorda com Bill. “Os cilindros estão preparados para resistir a colisões, então só há risco mesmo se a conversão ou a manutenção for mal feito. No Paraná, há 14 oficinas credenciadas, homologadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e distribuídas pelos municípios de Curitiba, São José dos Pinhais, Ponta Grossa, Londrina, União da Vitória.

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