Caminhoneiros prometem nova greve para agosto

Os caminhoneiros de todo o Brasil começam a se mobilizar para agendar mais uma paralisação nacional da categoria. A quarta greve geral deve ser confirmada para o mês que vem. Representantes de sindicatos e associações de classe de 16 estados já promoveram reuniões para discutir o assunto. Na próxima semana eles voltam a se encontrar em São Paulo para fechar a pauta de reivindicações e calendário da greve.

De acordo com o coordenador do Movimento União Brasil Caminhoneiro e presidente da Associação dos Caminhoneiros dos Campos Gerais, Neuir Leobet a paralisação nacional deve mesmo acontecer no início de agosto, pois os caminhoneiros estão descontentes com a situação da classe. Depois de três greves nacionais, muitos pontos acordados entre governo e caminhoneiros continuam sem definição. Mas Leobet acredita que a greve só deve decolar se os caminhoneiros de São Paulo aderirem em massa o movimento. “Se isso não acontecer não adianta fazer mobilizações separadas nos estados”, afirmou.

Já o presidente do Sindicato dos Caminheiros Autônomos do Paraná (Sindicam), Diumar Bueno disse que a pauta de reivindicação da categoria é extensa, mas eles deverão priorizar os assuntos que poderão ser atendidos ainda este ano, antes das eleições. “Tem que ser um movimento organizado e exeqüível, porque não queremos iludir a categoria”, ponderou Bueno. Uma das principais reclamações dos caminhoneiros é quanto o vale pedágio, benefício conquistado pela categoria em uma das greves. Através de lei federal, o governo instituiu que o embarcador deveria pagar o pedágio e repassar para o caminhoneiro, mas isso não vem acontecendo.

“O embarcador tem que dar o vale pedágio. Ele não pode ser incluído na carta de frete”, disse Neuri Leobet, acrescentando que não existe nenhuma fiscalização e controle sobre o assunto. Os caminhoneiros também querem uma revisão no preço dos pedágios, maior segurança nas estradas para diminuir o roubo de cargas e criação de uma tabela de referência. Leobet explica que essa tabela serviria como uma planilha de custos por quilômetro rodado. O valor mínimo seria de R$ 1,30 por quilômetro rodado. “Isso para o caminhoneiro empatar os custos, pois hoje esses valores não chegam a R$ 0,90”, afirmou.

Primeira em 1999

A primeira grande mobilização dos caminhoneiros aconteceu em junho de 1999. A categoria tinha uma lista de onze exigências, entre as quais a redução do preço do pedágio e a vinculação do valor do frete ao preço do óleo diesel. Em maio de 2000, a categoria voltou a paralisar. Considerada a maior mobilização da classe, a greve chegou a afetar a balança comercial do País, pois trouxe dificuldade de escoamento, especialmente da soja, principal commodity exportada pelo Brasil. As perdas atingiram R$ 50 milhões diárias. Também houve perdas no setor de exportações de carne. Várias rodovias ficaram interditadas, tanto para caminhões como veículos menores. Em janeiro do ano passado os caminhoneiros voltaram a se mobilizar, e a paralisação foi marcada por vários confrontos entre motoristas e policiais. Em alguns pontos do País os caminhoneiros tiveram o apoio de trabalhadores rurais sem terra.

Voltar ao topo