Caminhoneiros bloqueiam pátio do porto e fila cresce

Caminhoneiros bloquearam ontem, desde as 10h, a saída do pátio de triagem do Porto de Paranaguá. O principal objetivo do protesto, segundo o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Paraná (Sindicam/PR), era pressionar a elevação da diária de R$ 0,25 para R$ 0,90 a tonelada/hora. O fechamento do pátio não chegou a atrasar o embarque dos navios, porque os armazéns estavam praticamente cheios. Mas como o descarregamento nos terminais ficou parado, a fila de caminhões rumo ao porto aumentou ainda mais, chegando a 120 quilômetros. No início da noite, o congestionamento chegou na BR-277, sentido Campo Largo.

A Guarda Portuária e a Polícia Militar ficaram de prontidão o dia todo nas imediações do pátio de caminhões, mas não foram registrados incidentes. A BR-277 ficou interditada na altura do pátio de estacionamento, provocando congestionamentos até com automóveis que circulam na região. Por causa do protesto, o pátio continuou lotado, com 1.200 caminhões. Nas rodovias de acesso ao Porto, cerca de 4,5 mil caminhões aguardavam no acostamento para descarregar. A fila iniciava no km 3 da BR-277, no pátio, até o km 71, prolongava-se pelos 21 quilômetros do Contorno Leste, 15 quilômetros do Contorno Sul e no início da noite já atingia 5 quilômetros da BR-277 na divisa de Curitiba com Campo Largo.

Conforme acordo feito no início do mês com os operadores portuários, os caminhoneiros têm direito a uma diária de R$ 0,25 por tonelada carregada, depois de ficar duas horas na fila após passarem pelo posto de pedágio da Ecovia. A direção do Porto informou que o único prejuízo no momento era dos caminhoneiros, que teriam que esperar mais na estrada. Segundo a assessoria, os silos estão com quantidade suficiente de produtos para embarcar os navios nos próximos dias. Embora lamentando a manifestação dos caminhoneiros autônomos no período crítico de pico da safra, a direção portuária disse que não tinha como interferir na questão, que envolve caminhoneiros e operadores.

Apesar do tempo nublado, no dia de ontem a operação do Porto não foi interrompida. Dois navios embarcavam soja em grãos, somando 114 mil toneladas para Europa e China. Outro navio carregava 52,5 mil toneladas de farelo de soja. Ao largo, havia 22 navios esperando para levar soja em grãos, cinco para farelos, quatro para milho e um para contêineres. Neste ano, já foram embarcadas 1.952.298 toneladas do complexo soja, 22,51% a mais que no mesmo período de 2002 (1.619.911). O maior crescimento ocorre na soja em grãos, que passou de 580.769 para 823.456 toneladas.

O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, criticou a conduta dos embarcadores de cargas. “Os dias de chuvas em Curitiba e Paranaguá fizeram com que o número de caminhões aumentasse, mas o que chama a minha atenção é que eu e o diretor técnico temos subido e descido a Serra quase todos os dias para olhar a fila e observamos que os caminhões estão contidos antes do pedágio para não pagar diárias. Isso é uma irresponsabilidade da iniciativa privada”, declarou. “Os caminhoneiros se revoltam, perde o Estado do Paraná, o Porto e os produtores. A ganância de alguns empresários precisa ser denunciada”, arrematou.

No final da tarde, os dirigentes do Sindicam/PR se reuniram com representantes dos terminais para tratar da questão das diárias. “A diária era R$ 0,25 há 8 anos, quando o litro do diesel era R$ 0,45. Hoje está em R$ 1,40”, comparou o vice-presidente do Sindicam/PR, Laertes José de Freitas. Ele explicou que o valor de R$ 0,90 era um parâmetro para a negociação, mas se passasse para R$ 0,50, “a fila já diminuiria muito”. “Hoje os embarcadores estão usando os caminhões como armazéns, mas os motoristas não tem condições de higiene, segurança e alimentação”, reclamou. Até o fechamento dessa edição, a reunião não havia terminado.

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