Câmbio atinge também o setor moveleiro

A perda de mercados externos e a corrida para conquistar fatias do mercado dentro do Brasil são algumas das reações que os empresários brasileiros do setor de móveis estão sofrendo por conta da valorização do real frente ao dólar. Essa variação cambial tem surtido efeitos positivos para alguns setores, mas para os exportadores a realidade é diferente. No setor moveleiro a taxa de emprego caiu no primeiro trimestre deste ano (menos 0,64%).

É esse o foco de debates que promete esquentar o clima no Congresso Nacional Moveleiro, que acontecerá entre os dias 28 e 29 de junho em Arapongas, no Paraná. A queda nas exportações já vem sendo sentida pelos empresários, principalmente os de pequeno porte.

O superintendente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Miguel Sanches, avalia que é preciso fazer uma reengenharia no mercado de móveis no Brasil. ?Agora é o momento de atuarmos fortemente junto aos arranjos produtivos locais (APL)?, ressaltou.

Em 2005, o Brasil exportou US$ 991 milhões, sendo que os maiores destinos foram Estados Unidos (38%), França (9%), Reino Unido (7%) e Alemanha, Espanha e Argentina (4%). Segundo Sanches é preciso investir em novos mercados externos para não sufocar o mercado interno.

?Países como Venezuela e Emirados Árabes, por exemplo, têm apresentado um crescimento nas importações de móveis e os empresários brasileiros podem aproveitar esse nicho?, disse.

De acordo com a gerente da Unidade de Atendimento Coletivo – Indústria do Sebrae Nacional, Miriam Machado Zitz, a Instituição tem trabalhado intensamente no fortalecimento das pequenas e microempresas moveleiras para, inclusive, saber lidar com crises como esta. A idéia de procurar novos mercados exteriores, para Miriam Zitz, é favorável, ainda mais em se tratando de países da América do Sul.

?Mas há que haver um trabalho intenso também na cultura do consumo de móveis no Brasil?, disse a gerente do Sebrae. Segundo Miriam, é preciso fortalecer novas tendências de consumo e tornar as compras de móveis tão cíclicas e mais freqüentes do que eletrodomésticos e eletrônicos em geral.

Em um dos mais importantes pólos exportadores de móveis no Rio Grande do Sul, a cidade de Bento Gonçalves, duas das cinco fontes de ocupação que mais demitiram nesse ano estão ligadas à indústria moveleira. Dezoito vagas a menos para operadores de centro de usinagem de madeira e 16 para operadores de máquinas confirmam o reflexo na queda das exportações.

A perspectiva da Associação das Indústrias Moveleiras do Rio Grande do Sul, por exemplo, é de que só naquele estado houve uma queda de 20% nas exportações desde o ano passado e cerca de cinco mil dos 35 mil postos de trabalho na indústria moveleira também foram fechados desde janeiro de 2005.

Panorama Setorial

A produção da indústria moveleira no Brasil registrou aumento de 39,6% nos últimos 11 anos, totalizando 80 milhões de peças comercializadas por ano. No total, existem 16,1 mil empresas formais no setor moveleiro, sendo que 96% são micro e pequenas empresas.

O faturamento estimado dessas empresas gira em torno de US$ 5,4 bilhões, o que representa algo em torno de 0,71% do Produto Interno Bruno (PIB). Cerca de 190 mil pessoas trabalham com o segmento moveleiro no Brasil. Só em 2004, US$ 6 milhões foram faturados com vendas para o mercado interno. (ANS)

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