Em meio a uma economia que caminha a passos lentos por causa das altas taxas de juros, o trabalho informal saltou em março, mês em que a taxa de desemprego atingiu o patamar mais alto em 11 meses.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) verificou que houve um crescimento de 1,039 milhão no número de pessoas ocupadas no mês passado em relação a março de 2002, mas, deste total, 55% são empregados sem carteira ou por conta própria. “É o lado mais informal da economia que está crescendo… As pessoas estão se virando como podem”, disse Angela Jorge, chefe do Departamento do Emprego do IBGE.
Só a região metropolitana de São Paulo – que representa cerca de 40% do emprego geralmente de carteira assinada no país – respondeu por 41% do aumento da população ocupada, com 426 mil pessoas a mais com postos de trabalho. Mas foi o trabalho informal que correspondeu a 76% desse crescimento. O número total de pessoas ocupadas atingiu em março 18,244 milhões nas seis regiões metropolitanas monitoradas pelo IBGE.
Foi a primeira vez, desde que a metodologia de cálculo da pesquisa de emprego foi alterada no final do ano passado, que o instituto divulgou dados do mesmo mês do ano anterior para efeitos de comparação.
A taxa de desemprego, por sua vez, subiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 12,1% em março ou 2,515 milhões de pessoas após uma leitura de 11,6% em fevereiro nas seis regiões metropolitanas monitoradas pelo IBGE. Em março de 2002, a taxa – um percentual da população economicamente ativa que não trabalhou mas procurou emprego – havia ficado em 12,9%. A taxa de desemprego em março foi o mais alta desde abril do ano passado, quando ficou em 12,5%.
“(A taxa de desemprego) subiu bem, eu esperava um avanço, mas menor. Com certeza esse aperto monetário está asfixiando a economia. O pessoal (Banco Central) está sendo conservador demais, a economia está engessada”, afirmou Marcelo Ávila, economista-chefe da consultoria Global Invest.
Na última quarta-feira, o Banco Central anunciou a manutenção da taxa de juros básica da economia em 26,5%, o maior patamar dos últimos quatro anos.
Na comparação com fevereiro, o número de pessoas desocupadas foi 5,4% maior. Já o número total de pessoas trabalhando ficou praticamente estável, com ligeira alta de 0,1%. A população economicamente ativa somou 20,759 milhões de pessoas, comparado a 20,611 milhões em fevereiro e 19,757 milhões em março de 2002.