Brasil precisa investir mais em controle sanitário

Primeiro foi a Rússia, depois a Argentina a suspender o embargo à carne brasileira. A medida de ambas já era esperada pelo mercado, mas não deixou de provocar um certo temor e prejuízos, especialmente quanto à estocagem e logística.

As exportações para os dois países já estão se normalizando; fica, no entanto, o alerta para que o País invista mais em infra-estrutura no controle sanitário, na tentativa de evitar que medidas como as tomadas pela Rússia e Argentina – no caso da carne -e da China – no caso da soja -arranhem a imagem do País no mercado internacional. É a opinião do economista Gustavo Fanaya, do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarnes-PR).

?O impacto mais relevante dos embargos é sobre a expansão da inserção da carne brasileira em outros países?, aponta o economista. Segundo ele, o Brasil está vulnerável desde que conquistou espaço no mercado e tirou o lugar de outros países. ?É preciso consolidar investimentos nas infra-estruturas de controle sanitário. Não basta ter vontade política, mas investir em equipe técnica, veículos, laboratórios?, diz. E acrescenta: ?A evolução dos investimentos deveria ser na mesma proporção das exportações.?

Para Fanaya, o investimento nessa área é essencial para que o Brasil continue em lugar privilegiado no mercado internacional. ?Cada real investido gera R$ 50,00 no mercado externo. É um segmento que alavanca os demais, gera empregos, produz alimento, favorece a balança comercial.?

Paraná

No Paraná, o embargo argentino prejudicou sobretudo a exportação da carne suína. Entre janeiro e maio deste ano, o Estado exportou para o país vizinho 734 toneladas de carne suína, que resultaram em receita de US$ 1,007 milhão. Já os miúdos de carne bovina somaram 42 toneladas e resultaram em US$ 25 mil. ?Eu não chamaria de prejuízo. Houve apenas um adiamento das exportações?, diz Fanaya. ?Como a paralisação foi muito rápida, os importadores não chegaram a buscar outros fornecedores.?

Segundo o economista, o Brasil está sujeito a novos embargos do mercado externo, justamente pela colocação privilegiada que ocupa. ?Recuperar mercados é muito difícil. Que o diga a Argentina, que constatou foco de febre aftosa há dois anos e sofre as conseqüências até agora.?

Apenas este ano, o Paraná exportou carne bovina para 41 países diferentes – cerca de 4 mil toneladas por mês e receita (mensal) de US$ 9,3 milhões. Exportou ainda carne suína para 26 países – 5 mil toneladas por mês e receita de US$ 7,5 milhões -, além de aves para 81 países – 50 mil toneladas/mês e US$ 50 milhões. O Estado exportou ainda ovinos e eqüídios (2 mil toneladas e US$ 2,3 milhões/mês), além de couros – cerca de 1,5 mil toneladas/mês, com faturamento de US$ 4,5 milhões.

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