Brasil precisa aumentar atuação no mercado externo

Brasília (AG) – A mudança de postura dos negociadores brasileiros no governo Luiz Inácio Lula da Silva – que assumiram posições mais firmes nos diversos tabuleiros de conversações internacionais – não impediu o aumento das exportações brasileiras, mas tampouco resultou em uma participação expressiva do País no comércio internacional.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que em 2003, quando começou o boom das vendas externas, o Brasil respondeu por menos de 1% das exportações globais e apenas 0,7% das importações. No ranking das 30 nações mais atuantes no comércio exterior, o Brasil ocupou em 2003 a 25.ª posição entre os países exportadores e a 30.ª entre os importadores.

O desempenho internacional não foi muito afetado pelos números da balança comercial, que somente em julho deste ano registrou um crescimento de 54% das exportações e de 42,3% das importações, sobre o mesmo mês de 2003.

“Precisamos aumentar nossas exportações e também as importações, para conseguirmos uma média melhor de participação no mercado internacional”, reforça o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho.

Para Ramalho, além de buscar novos mercados, o Brasil precisa fechar o máximo possível de acordos comerciais.

O secretário lembra que, por não haver ainda tratados totalmente concluídos e em vigor, diversos países latino-americanos importam 90% de suas demandas de parceiros de outras regiões e apenas de 5% a 10% do Brasil.

“Também importamos pouco da América Latina. Não podemos imaginar que o Brasil possa ter crescimento sustentável das exportações sem que cresçam as importações. No acordo do Mercosul com o Pacto Andino, por exemplo, devemos alcançar esse objetivo.”

Afinado com o Itamaraty, Ramalho destacou que, enquanto se preparam para ganhar novos mercados por meio das difíceis negociações em curso, governo e empresários brasileiros buscam nichos até há pouco inexplorados. São mercados não tradicionais como Líbia, Jordânia, Arábia Saudita e Malta, para onde as vendas subiram acima de 60%.

“Temos uma pauta bastante diversificada, com participação de 30% de produtos básicos e 70% de industrializados, menos suscetíveis às oscilações de preços internacionais”, afirma o secretário.

Medidas protecionistas e subsídios atrapalham

As exportações brasileiras poderiam aumentar bem mais não fossem as medidas protecionistas e os subsídios agrícolas de outros países. Essa é a opinião do subsecretário para Assuntos Econômicos do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney.

Segundo o subsecretário, com o destravamento, há duas semanas, das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), as perspectivas melhoram. As nações mais ricas concordaram em negociar uma data para o fim dos subsídios às exportações e reduzir as subvenções aos produtores locais.

A determinação do Palácio do Planalto é que os negociadores não abram mão dos interesses do setor produtivo brasileiro. Por isso, as concessões não devem ser dadas a qualquer preço.

A preocupação com relação a 2005 é evidente. Se não houver investimentos em infra-estrutura para resolver o mau estado das rodovias, o congestionamento dos portos e o baixo uso das ferrovias, não há como ter crescimento sustentado de produção e exportação.

O governo espera que, com o novo pacote tributário, que inclui a redução e o fim de impostos na compra de máquinas e equipamentos, o quadro melhore.

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