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Foto: Átila Alberti/O Estado

Campanha contra carga tributária: legislações divergentes.

Estudo do Banco Mundial (Bird), em parceria com a PricewaterhouseCoopers, divulgado ontem, coloca o Brasil como o país onde se leva mais tempo para o cumprimento das obrigações tributárias, demandando, em média, cerca 2.600 horas por ano. A média geral, entre os mais de 140 países avaliados, ficou em 332 horas, sendo que a Suíça dedica 68 horas.

A análise partiu de uma premissa padrão do Bird que dava uma empresa, com número ?x? de funcionários, e que tivesse que cumprir suas obrigações conforme a carga tributária vigente de cada país e suas burocracias.

De acordo com o sócio do Tax Brasil da PricewaterhouseCoopers, Carlos Iacia, esta é apenas uma estimativa, e não reflete necessariamente a carga tributária praticada no Brasil. ?Outros países podem ter uma carga tributária até maior, e dedicar menos tempo para suas obrigações?, afirmou Iacia. Para o executivo, no entanto, a carga tributária brasileira está entre as principais razões para a demora.

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Além disso, ele destaca o tamanho considerável do Brasil, legislações específicas em cada estado e a burocracia para o controle e pagamento de impostos. ?Temos mais obrigações acessórias do que outros países?, avaliou Iacia, lembrando que não é apenas o Imposto de Renda o vilão da carga tributária brasileira. ?São o que chamamos de impostos indiretos. Há muitos outros, como ISS, Pis, Cofins, ICMS e IPI.? Para ele, esse conjunto de tributos afeta não apenas o investimento externo, ?mas também o empreendedorismo interno?.

O executivo ressaltou a quantidade de relatórios de informações necessárias ao Fisco. ?São muitos controles, apurações e demonstrativos.? No entanto, a gerente sênior do Tax Brasil da Pricewaterhouse, Adriana Grizante, ponderou que a tecnologia da informação funciona como contraponto positivo ao emaranhado de obrigações tributárias. ?As empresas conseguem hoje fazer mais demonstrativos por meio eletrônico, o que traz mais agilidade ao processo. Caso contrário, esse tempo de demora do Brasil poderia ser até maior?, explicou.

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Segundo ela, os demonstrativos não se referem apenas aos lucros, mas também às despesas de cada empresa – folhas de pagamentos e demonstrativos de compra e venda, por exemplo. No geral, Carlos Iacia não espera muitas melhoras. ?É uma situação que já vem estabilizada há muito tempo, não é uma realidade recente.?