Brasil não está imune à crise, mas tem resistência, diz Meirelles

“O governo brasileiro já tomou e continuará tomando as medidas necessárias que minimizem os efeitos da crise dos mercados financeiros globais sobre a economia do País”, afirmou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao abrir o VII Seminário Banco Central sobre Microfinanças em Belo Horizonte na segunda-feira (29).

Meirelles aproveitou a abertura do evento, que conta com a participação de especialistas nacionais e estrangeiros, para dar um recado sobre a crise que se agravou nesta segunda-feira, depois que o Congresso dos Estados Unidos não aprovou o pacote de US$ 700 bilhões do governo Bush para socorrer instituições financeiras em dificuldades, acertado previamente com a oposição e os presidenciáveis dos partidos Democrata e Republicano.

“O dia de hoje foi marcado pela volatilidade dos mercados globais em função da crise financeira americana com repercussões também na Europa. O dado novo é que, pela primeira vez, a crise não é no Brasil e nem em qualquer outro mercado emergente”, disse Meirelles a um plenário atento a cada uma de suas palavras. Todos já esperavam que se pronunciasse sobre a crise que impactou fortemente o desempenho da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Bovespa), nesta segunda-feira (29), forçando-a a interromper as atividades. O pronunciamento foi acompanhado por repórteres dos principais veículos de comunicação de abrangência regional e nacional.

Segundo Meirelles, o que vem acontecendo lá fora, que começou com a quebra de grandes e tradicionais bancos de investimentos americanos, ainda não mostra impacto severo no Brasil, mas não se pode ignorar a crise. “Estamos acompanhando passo a passo a crise, inclusive em contato direto com autoridades de todo o mundo”, afirmou. Ele enfatizou também que, nos últimos anos, o Brasil tomou as medidas fortes que o está ajudando a enfrentar as atuais turbulências. Entre elas o câmbio flutuante e o sistema de metas de inflação, além do fortalecimento de suas reservas internacionais, hoje em 207 bilhões, três vezes o montante da dívida externa.

“Somos credores externos líquidos. Além disso, a performance da dívida pública melhorou muito. Inclusive, se o dólar se valoriza, a dívida se reduz, o que não acontecia no passado. Não estamos imunes à crise, mas temos resistências e disposição para tomar medidas como a recente flexibilização nos depósitos compulsórios junto ao Banco Central, feitos pelas instituições financeiras sobre os depósitos captados à vista”.