Brasil enfrenta riscos de inflação e crédito, diz OCDE

O período de fraco crescimento do Brasil parece estar chegando ao fim, mas ainda existem riscos na forma de inflação, crédito e competitividade, de acordo com o mais recente relatório de perspectivas publicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). “A atividade está projetada para aumentar rapidamente e, então, se desacelerar gradualmente para taxas em linha com a tendência, puxada pelo consumo privado e o investimento”, avaliou a instituição.

Segundo a OCDE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai crescer 3,2% neste ano, a mesma taxa prevista no relatório publicado em novembro. A organização elevou a previsão de expansão em 2013 de 3,9% para 4,2% e disse que a inflação deverá diminuir para 4,9% neste ano e aumentar para 5,3% em 2013.

Mas a inflação poderá voltar à tona em razão do apertado mercado de trabalho e da recuperação do crescimento do crédito e isso pode ser exacerbado caso o Banco Central continue cortando as taxas de juros, afirmou a OCDE. De todo modo, a organização disse apoiar a visão do governo de que as taxas de juros brasileiras não podem voltar aos antigos níveis, considerados excessivamente altos.

Os cortes nas taxas de juros “podem ser um passo em uma bastante esperada e justificada mudança em direção a uma estrutura durável de taxas de empréstimos mais baixas”, disse a OCDE. Mesmo se o Banco Central tiver de elevar os juros básicos para lidar com o aumento da inflação, “não precisará elevar para níveis prevalecentes antes da recente desaceleração”, acrescentou.

Ainda assim existem riscos associados ao movimento do governo para reduzir os juros, segundo a OCDE. Os bancos estatais têm cortado as taxas dos empréstimos, pressionando os bancos privados a fazer o mesmo e, comentou a OCDE, essa pressão, somada ao aumento da inadimplência da pessoa física, “também pode impor riscos” para os bancos privados. O governo poderá, por isso, ter de intervir em algum momento para “conter um crescimento de crédito possivelmente desestabilizador”, afirmou a OCDE.

A organização comentou que o Brasil continua atraindo fluxos significativos de capital estrangeiro, “resultando em uma taxa de câmbio forte, porém volátil”. As exportações, em particular do setor manufatureiro, estão sofrendo com a valorização do real e os desafios estruturais, disse a OCDE, acrescentando que as medidas do governo para conter a alta da moeda nacional “podem, no máximo, fornecer um alívio temporário”.

“Por outro lado, resolver questões estruturais de competitividade e tirar vantagem das pressões de concorrência geradas pelo comércio aberto melhorarão o crescimento da produtividade no longo prazo”, destacou a OCDE. As informações são da Dow Jones.