Brasil desiste de reduzir preço do gás boliviano

Brasília – Para ajudar o presidente boliviano Carlos Mesa, que tomou posse há um mês, depois de um levante popular que derrubou seu antecessor, Gonzalo Sánchez de Lozada, o governo brasileiro concordou em adiar por tempo indeterminado as negociações sobre a redução dos preços do gás natural fornecido pela Bolívia ao Brasil. O acerto faz parte de um pacote de medidas de apoio ao novo governo boliviano, que incluiu ainda o perdão de dívidas no valor de US$ 53 milhões e o anúncio de financiamentos brasileiros para obras e projetos no país vizinho.

Desde o ano passado, o governo vinha pressionando a Bolívia para obter uma redução nos preços do gás, que são vinculados às cotações em dólar do petróleo no mercado internacional. O Brasil consome cerca de 18 milhões de m³ por dia de gás boliviano, de um total de 30 milhões de me³ previstos em contrato. “Esse é um tema muito sensível para nós neste momento”, disse Mesa à Agência Estado, pouco antes de se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para ratificar os entendimentos. Foi justamente um projeto de exportação de gás – nesse caso para os Estados Unidos -que provocou a revolta que custou o cargo a Lozada.

O adiamento da discussão dos preços do gás permitirá à Bolívia preservar uma fonte importante de receita e evitar o agravamento da situação econômica do País. Embora a economia boliviana deva crescer 3% este ano, depois de quatro anos de recessão, o país enfrenta uma taxa oficial de desemprego de 9% e um déficit fiscal de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB). “O novo governo da Bolívia precisa do apoio do Brasil. Essa questão do gás pode voltar a ser discutida dentro de um ano”, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, depois de almoço em homenagem a Mesa, no Itamaraty.

Durante a visita do presidente boliviano foi definido ainda que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar a pavimentação de 200 quilômetros de uma rodovia entre Santa Cruz de La Sierra e Puerto Suarez, em território boliviano. É a primeira operação coberta por um crédito de US$ 600 milhões aberto pelo BNDES em favor da Bolívia em abril, por decisão do governo. “O dinheiro será usado na medida em que forem aparecendo projetos”, disse o presidente do BNDES, Carlos Lessa.

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