O Bradesco prevê que a produção industrial brasileira deverá recuar 4% em 2015, queda maior do que a de 3,3% registrada no ano passado. Em relatório do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos, o banco avalia que os fatores negativos que influenciaram o desempenho do setor em 2014 devem perdurar neste ano, com o agravante de uma “situação política e corporativa mais complicada”.

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A instituição financeira analisa que o reduzido nível de confiança dos empresários e dos consumidores está provocando adiamento de investimentos e de aquisição de bens duráveis e móveis, o que limitará a retomada de segmentos da indústria, como automotivo, de máquinas e equipamentos e construção civil. Soma-se a isso, acrescenta, os efeitos da redução e cancelamento de projetos pela Petrobras sobre a cadeia de suprimentos.

O banco pondera que alguns segmentos da indústria, no entanto, devem continuar crescendo, embora em ritmo mais moderado – aqueles que dependem basicamente de renda. Ou seja, bens de consumo não duráveis, que não sofrem com o adiamento da compra em momento de incertezas. Assim, as indústrias farmacêutica, de perfumaria e cosméticos e de alimentos e bebidas devem apresentar desempenho positivo em 2015.

No relatório, o Bradesco destaca que a dinâmica regional da industrial brasileira em 2015 deverá ser “muito parecida” com a verificada no ano passado. Nordeste e Sudeste devem continuar apresentando desempenho industrial pior, por concentrarem segmentos mais ligados aos investimentos e ao consumo de bens duráveis. Já Sul e Centro-Oeste ainda se beneficiarão com desempenho da agroindústria, e o Norte, da extração de minério de ferro.

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Câmbio

A instituição financeira pondera que o benefício do real depreciado ante o dólar tem “efeito limitado” sobre o desempenho da indústria. Isso porque, nos últimos dez anos, muitos dos segmentos reduziram seu coeficiente de exportação, principalmente porque o mercado doméstico se mostrou mais robusto, ao passo que economia de países desenvolvidos teve desempenho mais fraco.

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O banco cita que o potencial exportador da indústria doméstica tem ainda outras barreiras. Um deles é a economia argentina, que continuará fraca ao longo de 2015, mantendo as restrições ao mercado brasileiro e impedindo a recuperação das exportações de máquinas e equipamentos e de veículos. Outro fator é a competitividade da China em produtos siderúrgicos, que limitará a expansão das exportações brasileiras desses produtos para os mercados desenvolvidos.