Bovespa quer popularizar mercado

Quem sempre teve vontade ou curiosidade de investir no mercado de ações, mas não o fez até hoje porque é avesso ao risco, terá a partir de amanhã a oportunidade de fazer uma espécie de test drive. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresentou ontem o Pop (Proteção de Investimento com Participação) – uma aplicação de renda variável, porém protegida de eventuais perdas. Como o próprio nome já sugere, o Pop chega com a difícil missão de popularizar o mercado de ações.

?As pessoas, quando falam de renda variável, têm uma objeção em comum: o receio, a aversão ao risco. Na renda fixa, elas sabem quanto vão sacar no dia do vencimento, mas na variável não. Esse risco é uma barreira que afasta as pessoas do nosso mercado?, analisou o superintendente-geral da Bovespa, Gilberto Mifano, durante coletiva à imprensa ontem na sede da entidade, em São Paulo. Segundo Mifano, o objetivo do novo produto é atrair um leque maior de investidores para o mercado – ele não citou, porém, de quanto é a expectativa de crescimento. ?Hoje, há mais de 220 mil investidores ativos na Bolsa. É um número muito pequeno perto do potencial que existe?, afirmou, apenas.

Como funciona

O Pop – que entra em negociação no mercado à vista da Bovespa nesta sexta-feira – vai funcionar da seguinte forma: o investidor define o nível de proteção desejado ao escolher em que série de Pop vai investir. Se a ação cair, ele recebe o valor do capital protegido – por exemplo, se investiu R$ 4,9 mil (1.000 ações de R$ 49,00), mas protegeu R$ 4,5 mil, este será o valor a receber -, cobrindo assim o risco correspondente à desvalorização. Em contrapartida, se a ação subir, o aplicador abre mão de uma parte da valorização do papel, que vai para o ?sócio?, ou seja, o comprador de risco, que em linhas gerais garante o retorno de um determinado capital para o investidor se o negócio ?não der certo? e, em troca, fica com parcela dos lucros excedentes (20% ou 30%, inicialmente), se o negócio ?der certo.?

?O Pop é o investimento da ação somado à compra da proteção e reduzida a participação dos resultados?, sintetizou Francisco Gomes, diretor de Controle da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia). O superintendente-geral da Bovespa, Gilberto Mifano, admitiu que se trata de uma estrutura complexa, mas garantiu que o Pop é um produto simples. ?A gente espera que as corretoras atraiam os investidores e expliquem a simplicidade do produto?, comentou. Questionado se o novo produto não seria ?paternalista? ou instrumento de renda fixa, já que garante uma proteção ao investidor, Francisco Gomes discordou. ?Paternalismo seria se a proteção fosse dada, gratuitamente. O investidor, ao contrário, está pagando por isso?, esclareceu.

Inicialmente, o Pop será oferecido a oito ativos, sendo sete ações as mais líquidas do pregão: Petrobras PN, Valo do Rio Doce PNA, Bradesco PN, Usiminas PNA, Telemar PN, Itaubanco PN, Siderúrgica Nacional ON, além do PIBB CI (Papéis Índice Brasil Bovespa). O preço do Pop deve se aproximar do valor da ação na Bolsa. Quanto ao prazo, a princípio serão oferecidos aos investidores dois vencimentos: seis meses (vencimento em 20 de agosto de 2007) e 12 meses (18 de fevereiro de 2008).

A proteção do Pop é válida até a data de vencimento. Nesse dia, podem ocorrer duas situações: se a ação caiu, o investidor recebe em dinheiro o montante do capital protegido; e se ela se valorizou, o aplicador recebe, também em dinheiro, o valor protegido correspondente à participação cedida, e fica com as ações que sobraram. Para continuar usufruindo da proteção, o investidor terá que vender essas ações e comprar um novo Pop. (Lyrian Saiki) – A jornalista viajou a São Paulo a convite da Bovespa. 

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