Bovespa e dólar fecham em queda

O mercado financeiro deu uma trégua ontem. Depois da turbulência de quinta-feira, com novas denúncias contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os ativos brasileiros estacionaram em um patamar mais baixo. O dólar comercial interrompeu uma seqüência de cinco altas e terminou o dia em queda de 1,23%, cotado a R$ 3,031 na compra e R$ 3,033 na venda.

A Bovespa caiu 3% na primeira semana de agosto, refletindo a preocupação dos investidores com a escalada do petróleo e os desdobramentos dos escândalos envolvendo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb. Mas, ontem, a Bolsa paulista teve um pregão positivo, apesar de um volume de negócios abaixo da média do ano. O Ibovespa (índice de 54 ações) subiu 1,51%. No ano, caiu 2,6%.

O risco-país caía no final da tarde 3,63%, para 584 pontos, depois que o J.P. Morgan elevou a recomendação para os títulos da dívida externa do Brasil de “abaixo da média do mercado” para “média do mercado”. C-Bond, principal título brasileiro negociado no exterior, tinha alta de 1,74%, para 94,93% do valor de face. O Global 40, título de 40 anos, subia bastante também: alta de 2,90%, para 99,30% do seu preço.

“Houve um ajuste técnico, provocado pela alta exagerada de ontem”, afirmou Mário Paiva, da Corretora Liquidez.

Os investidores não deram atenção ao mercado americano, que se movimentaram todo o dia no campo negativo por conta da alta do petróleo. Uma notícia ruim para os Estados Unidos acabou agradando os brasileiros. O Departamento de Comércio dos EUA informou que foram criados em julho apenas 32 mil vagas, contra uma previsão inicial de mais de 215 mil postos. Assim, a expectativa é de que o Federal Reserve (FED), o Banco Central americano, seja mais comedido, com um aperto mais suave dos juros americanos.

“O esfriamento da economia nos Estados Unidos sugere que os juros subirão no máximo 0,25 ponto percentual na próxima reunião do FED, na terça-feira, dia 10. Para os países emergentes, essa decisão não poderia ser melhor. A preocupação é com o petróleo se mantendo entre US$ 40 e US$ 45 o barril. O Banco Central americano monitora a inflação de perto e também estará atendo a essa questão”, afirmou Paiva.

Uma taxa de juro alta nos Estados Unidos desequilibra a economia de todo o mundo, lembrou o analista da Liquidez. No Brasil, as taxas futuras de juros resistiram à alta nesta sexta na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). O Depósito Interfinanceiro (DI) de setembro apontou queda de 0,50% sobre o fechamento de ontem, para 15,82% ao ano. Os contratos de outubro projetaram redução de 0,86%, passando de 16,11%, para 15,97% ao ano. O DI de novembro teve queda de 1,04%, passando de 16,29% para 16,12%. Para janeiro do ano que vem, o contrato mais negociado, a queda foi de 1,53% (de 16,92% para 16,66% ao ano). O DI de abril de 2005 fechou com redução de 1,81% (de 17,63% para 17,31%).

O mercado interno repercutiu também ontem o crescimento da indústria, puxado pelas exportações. Segundo o IBGE, houve aumento de 0,5% na produção frente a maio. Foi a quarta alta consecutiva nesta base de comparação. Em comparação a junho do ano passado, a expansão foi de 13%, o maior nível desde fevereiro de 2000.

“O dia foi tranqüilo nesta sexta-feira. Agora, vamos ver o que ocorrerá na segunda. As bolsas caíram bastante em Nova York hoje (ontem) e isso pode se refletir negativamente no Brasil na próxima segunda”, afirmou Paiva.

Voltar ao topo