Bolsas dos EUA atraem gigantes do comércio eletrônico

As maiores companhias mundiais do comércio eletrônico escolheram nas últimas semanas os Estados Unidos para lançar ações e abrir o capital. A mais recente foi a Cnova, empresa de e-commerce criada a partir da união dos ativos do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e do francês Casino. Foi a terceira estrangeira do segmento a entrar com pedido para uma oferta de ações nas últimas semanas. Em um momento de apetite alto por papéis de internet em Wall Street, a expectativa dos especialistas é de demanda elevada para as ações da empresa.

A Renaissance Capital, especializada em analisar ofertas de ações e dados do mercado financeiro, estima que a Cnova pode captar pelo menos US$ 1 bilhão em sua oferta de ações. Desde novembro do ano passado, quando o Twitter abriu seu capital com forte demanda, os investidores estão com apetite para comprar papéis de empresas de internet, destaca uma análise da casa. No caso do segmento de comércio eletrônico, um exemplo recente do apetite foi a chinesa JD.com, que abriu o capital no dia 22 de maio. A demanda pelas ações foi 15 vezes maior que a oferta.

A JD captou US$ 1,78 bilhão em sua abertura de capital, mais do que o inicialmente previsto. Mesmo dando prejuízo nos últimos cinco anos, a chinesa estreou na bolsa valendo US$ 26 bilhões – naquele momento, mais que o Twitter.

Após a JD, a grande aposta este ano nas empresas de internet é outra chinesa, a Alibaba, que também atua no e-commerce, mas tem mecanismo de buscas, como o Google. A companhia deve lançar ações nos EUA no segundo semestre em uma operação que deve ser a maior do ano no mundo, podendo superar os US$ 16 bilhões captados pelo Facebook em maio de 2012. Analistas mais otimistas calculam que a chinesa pode estrear na bolsa valendo US$ 200 bilhões, batendo outras gigantes tradicionais do setor, como o próprio Facebook, a IBM e a Amazon, maior empresa de comércio eletrônico do mundo.

Uma análise da Triton Research mostra que, ao comprar ações de empresas como a JD e Alibaba, o investidor está apostando no potencial do mercado chinês. Nos EUA, o consumo interno responde por cerca de dois terços do Produto Interno bruto (PIB), enquanto na China responde por cerca de um terço. A intenção de Pequim é justamente rebalancear a economia chinesa, muito dependente das exportações e investimento, e dar mais peso para o consumo, o que mostra as perspectivas otimistas dos investidores para o crescimento do mercado interno.

Assim como as chinesas, um analista de um banco de investimento destaca ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que comprar a ação da Cnova é apostar em mercados com classe consumidora em ascensão, como o Brasil e outros países da América Latina. Em seu prospecto preliminar, a Cnova mostra a intenção de expansão em novos mercados na América Latina, além de outros países da Europa, Ásia e África. Por enquanto, o Brasil responde por 51% da receita líquida. No ano passado, o faturamento foi de US$ 4,9 bilhões, bem abaixo da Alibaba, de US$ 7,95 bilhões e da JD, de US$ 11 bilhões.

A Cnova é a sétima maior do mundo em comércio eletrônico, segundo um ranking da Top500Guide.com, encabeçado pela Amazon. A JD é a terceira maior. Sobre a oferta de ações, a Cnova não divulgou ainda maiores detalhes, assim como a Alibaba. Na última quarta-feira, entrou com o pedido de registro na Securities and Exchange Commission (Sec, a comissão de valores mobiliários dos EUA). No documento inicial, a empresa diz que pretende captar US$ 100 milhões, mas os especialistas destacam que este número é apenas figurativo, pois após as reuniões com investidores (“roadshows”), a oferta é sempre aumentada. Os bancos Morgan Stanley e JP Morgan foram contratados para tocar a operação. Os papéis serão listados na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).

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