Crise

Bolsas despencam na Europa e na Ásia como reflexo da crise

Os desdobramentos do fim-de-semana no mercado financeiro norte-americano refletiram nos indicadores na Ásia e Europa nesta segunda-feira (15). À exceção de China, Japão, Hong Kong e Coréia do Sul – onde o mercado não está em funcionamento por conta de um feriado – as bolsas caíram fortemente. As informações são da BBC Brasil.

No que já está sendo considerado como as últimas 24 horas mais extraordinárias em Wall Street desde os anos 1920, o banco Lehman Brothers – quarto maior banco de investimento norte-americano – anunciou que vai pedir concordata depois de perdas milionárias relacionadas a valores hipotecários.

O anúncio vinha sendo aguardado ansiosamente por investidores e por cerca de 25 mil funcionários e representa mais um sinal negativo para a confiança dos mercados – e não foi o único do fim de semana.

Outra instituição-símbolo de Wall Street, o banco Merrill Lynch, concordou em ser vendido para o Bank of America por cerca de US$ 50 bilhões para evitar prejuízos maiores. Notícias dão conta ainda de que a seguradora AIG pediu ao banco central americano, o Federal Reserve, um empréstimo de US$ 40 bilhões.

Nos mercados da Ásia, as notícias chegaram mais cedo, empurraram as bolsas para baixo e fizeram o dólar cair 2,7% em relação ao iene japonês – a maior variação diária desde o início de 2002. A bolsa das Filipinas perdeu 4,2% e o principal indicador da Austrália conseguiu reverter perdas iniciais e encerrou em baixa de 1,8%.

Na Europa, a Bolsa de Londres caía 3,42% às 6h37 (horário de Brasília), com 5.231,30 pontos; a de Paris despencava 4,29%, com 4.146,70 pontos e a de Frankfurt recuava 3,34%, com 6.026,37 pontos.

“É um período surpreendente esse que estamos vivendo. Essa combinação de fatores representa o fim de uma era dos bancos de investimento na maneira como operavam. Nunca vi isso em toda a minha vida”, disse Justin Urquart, diretor da Seven Investment Management.

Para o analista financeiro Ralph da Silva, notícias como essas não são vistas em todo o século. Ele avalia, entretanto, que ninguém está realmente surpreendido com a redução do número de bancos e que o que surpreende é a velocidade com que o processo está ocorrendo. “Na indústria bancária, esse tipo de coisa leva anos – não dias”, afirmou.

A crise nos Estados Unidos, que já completou um ano, se intensificou porque vários credores do setor imobiliário deixaram de pagar suas dívidas. Eles estão no grupo do subprime, um tipo de mercado que não exige garantias como comprovante de renda. Como se trata de uma operação de alto risco, os empréstimos são feitos a taxas bastante elevadas. O retorno para o investidor é bom, mas arriscado.

Os bancos, que emprestaram muito aos mutuários, não receberam. Em conseqüência, as instituições e os investidores do mundo inteiro que emprestam aos bancos também não recebem e sofrem o efeito dominó.

Nos dois últimos dias, bancos centrais de vários países colocaram mais de US$ 300 bilhões para ajudar os bancos a manter seus empréstimos, já que os investidores estão tirando seu dinheiro do mercado de crédito para aplicar em outros setores mais seguros, como ouro ou títulos públicos.