São Paulo (Das agências) – A adrenalina voltou a toda ontem nos mercados financeiros. O dólar comercial fechou com a cotação máxima do Plano Real. A moeda americana apresentou alta de 2,83% sobre o fechamento de sexta-feira, cotada a R$ 2,895 na compra e R$ 2,900 na venda. A máxima foi atingida no dia do aniversário de 8 anos do Plano Real. Na quarta-feira da semana passada, o dólar já havia batido recorde ao chegar a R$ 2,888 na máxima do dia e fechou em R$ 2,885.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o dia de ontem em queda de 2,21%. O Ibovespa marcava 10.892 pontos e volume financeiro de R$ 359,8 milhões. Para o economista Luiz Afonso Lima, do BBV Banco, o mercado trabalha no curto prazo e já não reage mais às boas notícias. “O mercado não tem os fundamentos da economia como guia. Os negócios melhoraram na quinta e na sexta-feira porque houve o anúncio de flexibilização das metas de inflação, que possibilitam a queda de juros. O quadro agora se reverte porque mais uma vez não há boa perspectiva sobre a vitória de José Serra (PSDB), o candidato que representa a continuidade da política atual”, afirmou Lima.
Lima disse que como economista não vê problemas na economia, pelo contrário. Ele lembrou do resultado positivo da balança comercial. Segundo dados divulgados ontem, no primeiro semestre, a balança comercial acumulou superávit de US$ 2,606 bilhões, com as exportações somando US$ 25,052 bilhões e as importações US$ 22,446 bilhões. O economista não espera mudanças no humor do mercado no curto prazo, mas disse que o BBV continua apostando na volta do dólar para R$ 2,58 até o final do ano. Segundo ele, não há perigo de o Brasil ?virar uma Argentina?, como disse o presidente Fernando Henrique Cardoso. “A situação é bem diferente. Nossa condição é muito mais confortável”, afirmou.
O dólar paralelo em São Paulo não seguiu o comercial e fechou em queda de 0,70%, a R$ 2,790 na compra e R$ 2,830 na venda. No Rio, o paralelo ficou estável, a R$ 2,720 na compra e R$ 2,800 na venda. O dólar turismo em São Paulo fechou em baixa de 0,69%, cotado a R$ 2,750 na compra e R$ 2,850 na venda. Para o diretor do BNL, Marcelo Afonso, os negócios melhoraram no mercado de ações na quinta e sexta-feira somente porque era fechamento de mês. “Passada a trégua de final de mês e de semestre, a situação agora volta ao normal, com o mercado nervoso e muita volatilidade. Será assim até o fim das eleições”, afirmou.
Segundo ele, os investidores respeitaram o limite de queda recentemente e não deixaram o índice ficar menor do que 10.500 pontos. “Basta ver se desta vez acontecerá a mesma coisa. O Ibovespa já está em menos de 11 mil pontos. Se o nervosismo continuar por mais dois dias o índice bate nos 10.500 novamente e aí será um novo teste”, afirmou.