Bolo denuncia o excesso de impostos

Um bolo com 20 metros de comprimento, coberto com o nome de diversos tributos, foi cortado e distribuído ontem à tarde na Boca Maldita, centro de Curitiba. O objetivo era chamar a atenção da população para a alta carga tributária brasileira. Em pouco mais de uma hora, os 2 mil pedaços do bolo se esgotaram.

“Com esta iniciativa, temos dois objetivos: comemorar os 20 anos da entidade sindical patronal e mostrar a quantidade de impostos no Brasil. Os empresários reclamam da quantidade de tributos, mas quem paga a conta maior é o consumidor”, apontou Mário Elmir Berti, presidente do Sescap-PR (Sindicato das Empresas de Serviços e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Paraná).

Além de um pedaço de bolo, as pessoas receberam um folder com o nome de todos os tributos incidentes no País. “São 82 tributos, entre impostos, contribuições, taxas e contribuições de melhorias”, destacou Berti.

“A divisão do ‘bolo tributário’ é uma forma de dizermos que o governo deveria fazer o mesmo com os tributos que arrecada, dando uma contrapartida maior aos contribuintes, reduzindo a carga tributária”, afirmou.

De janeiro a setembro, a estimativa é que os brasileiros já tenham pago mais de R$ 700 bilhões de impostos federais, estaduais e municipais. “Para se ter uma idéia, um terço do preço do leite é imposto. No caso da cachaça, são dois terços”, exemplificou.

Segundo Berti, assim como as pessoas não têm idéia dos juros que pagam quando compram a prazo, não sabem o volume de impostos embutidos nos produtos. “Já tentamos colocar nos produtos o peso dos impostos, mas não deu certo. O governo barrou”, lamentou Berti.

O presidente do Sescap-PR salientou ainda que a alta carga tributária atrapalha a geração de empregos. “Os encargos sociais e trabalhistas são muito pesados. Por isso, as empresas têm dificuldades em aumentar o quadro de funcionários. A saída, então, é não contratar ou partir para a informalidade”, apontou.

Segundo Berti, para um funcionário que recebe salário de R$ 1 mil, a empresa desembolsa R$ 2 mil. Além disso, a estimativa é que para cada empresa formal haja duas informais.