BNDES gasta R$ 1,5 bilhão para manter Vale nacional

O aumento de participação acionária do BNDES no capital da Companhia Vale do Rio Doce teve como principal objetivo manter o controle nacional da mineradora. “Nós temos uma preocupação geral de preservar o controle de empresas que são estratégicas para o desenvolvimento em mãos nacionais”, disse o diretor da área industrial e de crédito do BNDES, Fabio Erber.

O BNDES anunciou anteontem que pagou R$ 1,5 bilhão para comprar 8,5% das ações da Valepar, a holding que controla a Vale. Isso representa 2,86% da Vale do Rio Doce. A participação foi adquirida da InvestVale, o clube de investimentos dos funcionários da companhia.

Nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, as políticas do governo e do BNDES foram orientadas na direção inversa. No período, diversas companhias de controle estatal foram vendidas ao capital estrangeiro.

Interesses do País

Para o diretor do BNDES, o aumento da participação do banco de fomento federal na Vale deve-se à possibilidade de ajudar a mineradora a formular planos que sejam relacionados aos interesses da empresa e do país.

Já o presidente da InvestVale, Francisco Póvoa, afirmou que a operação de venda foi a mais sensata até porque evitou a possibilidade de uma multinacional estrangeira controlar a Vale.

Segundo Póvoa, desde o descruzamento acionário da Vale com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) até o momento a InvestVale vem sendo procurada por representantes de multinacionais interessadas em adquirir papéis da Vale.

Nacionalização

A decisão do BNDES de bloquear a internacionalização da Vale parece coerente com as políticas defendidas pelo presidente do banco, Carlos Lessa, de dar maior foco ao desenvolvimeto da indústria nacional.

Por outro lado, o negócio vai contra o projeto do banco, defendido pelo próprio Lessa, de se desfazer de investimentos “maduros”.

Durante o primeiro semestre, Lessa defendeu diversas vezes que o BNDES deveria vender participações em empresas já sólidas e com condições de financiar seus investimentos e dívidas no mercado.

Na época, entre as cerca de 100 empresas que tinham participação do BNDES especulava-se que poderiam ser vendidas ações de Telemar, Petrobras e Eletrobras, entre outras.

Com o negócio, agora o BNDES também dá sinais de que planeja reverter as políticas do governo FHC, que, entre diversas privatizações, vendeu ações da Vale que pertenciam ao Tesouro Nacional no ano passado.

Na época, o governo reforçou o caixa com R$ 4,5 bilhões, mas boa parte das ações foram parar nas mãos de investidores estrangeiros.

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