O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, alertou que o fracasso em elevar o limite da dívida pública norte-americana poderá causar “distúrbios severos nos mercados financeiros”, incluindo rebaixamento de ratings (classificação de risco) da dívida do governo e danos ao papel especial que o dólar e os títulos do Tesouro (Treasuries) desempenham atualmente nos mercados globais.

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Em comentários feitos durante uma conferência organizada pelo Comitê por um Orçamento Responsável, em Washington, Bernanke renovou seu pedido para que políticos apresentem logo um plano para conter o crescente endividamento público do país, mas alertou mais uma vez sobre os perigos de usar o teto da dívida como moeda de troca nas negociações.

As conversações para a redução do déficit, conduzidas pelo vice-presidente do país, Joe Biden, estão enfrentando seu maior teste hoje, tendo em vista que o grupo chefiado por ele iniciou três dias de discussões politicamente sensíveis. Os republicanos continuam a exigir cortes de gastos como condição para que o Congresso eleve o limite da dívida, que é atualmente de US$ 14,3 trilhões, o que, segundo o Tesouro, deve acontecer até o início de agosto.

Em cerca de 9% do Produto Interno Bruto (PIB), o déficit orçamentário dos EUA aumentou acentuadamente desde o início da recessão no final de 2007, declarou Bernanke na conferência intitulada “O Teto da Dívida, Plano Fiscal e Temores do Mercado: Para onde vamos daqui?”.

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Segundo ele, o déficit deverá recuar durante os próximos anos, à medida que a economia continuar a crescer, mas os EUA ainda enfrentarão um grande endividamento quando as condições voltarem ao normal.

“A história deixa claro que o fracasso em colocar nossa casa fiscal em ordem causará uma erosão na vitalidade de nossa economia, reduzirá o padrão de vida nos EUA e aumentará o risco de instabilidade econômica e financeira”, disse Bernanke, hoje, durante a conferência.

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Mesmo destacando que não é uma tarefa fácil, o presidente do Fed exortou o Congresso e a Casa Branca a desenvolverem e implementarem rapidamente um plano confiável para atingir a sustentabilidade fiscal de longo prazo. Ele disse esperar que um acordo possa ser atingido no curto prazo, sem recorrer-se a “ações que possam lançar dúvidas sobre a qualidade de crédito dos EUA”.

As três agências de ratings (classificação de risco) mais influentes ameaçaram rebaixar a classificação AAA do governo dos EUA se os políticos não chegarem a um plano para melhorar as finanças públicas do país.

Na semana passada, a Fitch Ratings disse que colocará a dívida norte-americana em revisão para possível rebaixamento no início de agosto se o Congresso não elevar o limite de crédito do país. O alerta se segue a avisos semelhantes da Moody’s e da Standard & Poor’s.

O Tesouro disse que o Congresso precisa aumentar o limite da dívida até 2 de agosto, o dia em que se esgotam as medidas extraordinárias para financiamento do governo. As informações são da Dow Jones.