BC vê recuo de projeções com cenário internacional

Na ata da reunião do mês de março, divulgada hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) amenizou a avaliação de que o cenário externo afeta o sentimento dos consumidores e empresários no Brasil. De acordo com o texto, “a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira” acontece por vários canais, entre eles, a “redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos e condições de crédito mais restritivas”.

No documento anterior, os diretores do BC afirmavam que o cenário internacional também gerava a “piora no sentimento de consumidores e de empresários”.

Nesse trecho do documento, os diretores do BC dizem que a autoridade monetária “entende que os efeitos da complexidade que cerca o ambiente internacional se somam aos da moderação da atividade doméstica”. Esse quadro gera, segundo a ata, “recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira neste e no próximo ano”.

Pela primeira vez, o Banco Central (BC) incluiu na ata a avaliação que estão ocorrendo agora mudanças no padrão de crescimento em casos específicos de países emergentes. Para o BC, esse é um desenvolvimento que “tende a ser permanente”.

A ata não explicita quais seriam esses casos específicos, mas autoridades do governo brasileiro, entre elas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, têm ressaltado nos últimos dias a preocupação com relação à desaceleração do ritmo de crescimento da China e o impacto desse cenário para a economia global.

O BC entender que os riscos para a estabilidade financeira global se mantiveram elevados desde janeiro. Como exemplo aponta os derivados do processo de desalavancagem em curso nos principais blocos econômicos. Na avaliação do Copom, permanecem elevadas as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado.

Segundo o BC, nas economias maduras parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal “neste e nos próximos anos”. Além disso, em importantes economias emergentes, apesar da resiliência da demanda doméstica, o ritmo de atividade tem moderado, em parte, consequência de ações de política e do enfraquecimento da demanda externa, via canal do comércio exterior.