BC vê efeitos positivos da queda do petróleo no País

O alívio nas cotações internacionais do petróleo é uma notícia positiva para os preços no Brasil. A avaliação consta da ata da reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Os diretores do Banco Central afirmam que “independentemente do comportamento dos preços domésticos da gasolina, a redução dos preços internacionais do petróleo pode eventualmente se transmitir à economia doméstica”.

Essa transmissão à inflação dos preços menores acontece pelas cadeias produtivas como a petroquímica e pelos efeitos potenciais sobre as expectativas de inflação. Os diretores observam, no entanto, que os preços do petróleo continuam “altamente voláteis” e que a incerteza que envolve essas cotações é “marcadamente elevada” pela evolução da demanda, especialmente nas economias emergentes, pela resposta da oferta à evolução dos preços e por questões geopolíticas.

O texto observa, contudo, que a despeito dessa considerável incerteza, “o cenário central de trabalho adotado pelo Copom, que prevê preços domésticos da gasolina inalterados para o acumulado de 2008, permanece plausível”.

O documento também observa que outras matérias-primas (commodities) também mostraram reduções importantes desde a última reunião do Copom, em setembro. Essa redução reage, segundo o texto, “tanto ao maior pessimismo sobre as perspectivas para o crescimento da economia mundial, quanto à intensificação da turbulência nos mercados financeiros globais”.

Incertezas

A ata do Copom afirma que as perspectivas para a evolução da atividade econômica tornaram-se mais incertas desde a última reunião do colegiado. O encontro anterior ocorreu nos dias 9 e 10 de setembro, antes do agravamento da crise financeira global.

No documento divulgado hoje, os diretores do Banco Central chamam a atenção para os efeitos da crise internacional sobre as condições financeiras internas que indicariam que “a contribuição do crédito para a sustentação da demanda doméstica pode arrefecer de forma mais intensa do que o que seria determinado exclusivamente pelos efeitos da política monetária”. O texto também observa que a intensificação da crise externa “parece ter tido efeito negativo sobre a confiança dos consumidores e empresários”.

Na avaliação do Copom, caso essa situação desfavorável permaneça o dinamismo da atividade econômica passaria a depender crescentemente da expansão da massa salarial e dos efeitos das transferências governamentais esperadas para este e para os próximos trimestres.

Inflação na meta

O Copom reafirmou na ata da reunião de outubro que as decisões adotadas pelo colegiado visam “trazer a inflação de volta à meta central de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), tempestivamente, isto é, já em 2009”. Os diretores da autoridade monetária defendem a estratégia ao afirmar que esse comportamento é o mais indicado “para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária”.

Os diretores afirmam que a evidência internacional e a experiência brasileira indicam que “taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, ao encurtamento dos horizontes de planejamento e, conseqüentemente, à redução do potencial de crescimento da economia”. Outro efeito negativo recai sobre a piora da distribuição de renda.

Mesmo com a mudança na estratégia da política monetária, que interrompeu a trajetória de alta dos juros em outubro, o Copom destacou na ata divulgada hoje que a redução “pronta e consistente” do descompasso entre o crescimento da oferta de bens e serviços e o da demanda “continua sendo central na avaliação das diferentes possibilidades que se apresentam para a política monetária”.

No documento, os diretores do colegiado afirmam que o ritmo de expansão da demanda doméstica “segue colocando riscos importantes para a dinâmica inflacionária”. A esse quadro desfavorável, o comitê afirma que devem ser somados, principalmente no curto prazo, os reflexos gerados pela crise financeira internacional. Para os diretores, é preciso atentar para “os riscos derivados da trajetória dos preços de ativos brasileiros, em meio a um processo de estreitamento das fontes de financiamento externo”.