O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, disse hoje que o resultado das contas do setor público (governo central, Estados, municípios e empresas estatais) nos primeiros quatro meses de 2011 mostra uma melhora fiscal “substancial” em relação ao desempenho do ano passado. Ele destacou que o superávit primário das contas do setor público de janeiro a abril, de R$ 57,31 bilhões, é o segundo melhor da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2001. O resultado só perde para o de 2008, quando o superávit de janeiro a abril estava em R$ 61,3 bilhões.

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O superávit primário representa a economia para o pagamento dos juros da dívida pública. Quando essa economia não é suficiente para cobrir toda a despesa com juros, o resultado nominal aponta um déficit.

“O resultado de abril expressa sem dúvida uma melhora substancial nas contas do setor público”, disse Maciel. Ele destacou que o superávit primário do primeiro quadrimestre é 45% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Enquanto o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) aumentou em 62% seu esforço fiscal, os Estados e municípios fizeram uma economia 27% maior que em 2010.

“O resultado é bom para o período, caracterizado sazonalmente por resultados mais elevados”, disse Maciel. Ele lembrou que abril é um mês que tradicionalmente tem aumento de receitas, com a arrecadação do Imposto de Renda. Maciel também minimizou a queda do superávit primário registrado em 12 meses até abril. Segundo ele, esse movimento ocorreu porque foi retirado da série o resultado de abril do ano passado, que foi maior que o verificado neste ano.

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O superávit primário das contas do setor público em 12 meses caiu para R$ 119,621 bilhões em abril, o equivalente a 3,14% do PIB. O valor, no entanto, continua acima da meta de prevista para 2011, de R$ 117,9 bilhões. Até março, o superávit primário das contas do setor público em 12 meses estava em R$ 121,858 bilhões, o equivalente a 3,23% do PIB.

“É um recuo pontual. A tendência é que cresça (o acumulado) com a troca dos resultados mais fracos observados em 2010 por resultados melhores deste ano”, avaliou. Para Maciel, o desempenho fiscal de 2011 é diferente do verificado no ano passado. Agora, segundo ele, a conjuntura é outra, com o desempenho fiscal sendo influenciado pelo crescimento econômico, que se traduz em mais arrecadação. Além disso, há um esforço de contenção das despesas.

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Ele destacou que as despesas das contas do governo central registraram de janeiro a abril um aumento de 9,7%, enquanto as receitas subiram 17,9%. “O que eu quero chamar atenção é que o PIB nominal cresceu no período 14%. O que estamos observando é crescimento menor das despesas do que o PIB nominal”, disse.

Dívida pública

O chefe do Departamento Econômico do BC informou ainda que a projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar maio em 39,3%, com queda de 0,5 ponto porcentual em relação a abril. A previsão, porém, considera uma taxa de câmbio de R$ 1,63, que representa uma desvalorização de 3,66% do real ante o dólar.

No entanto, nos últimos dois dias o dólar já caiu abaixo de R$ 1,60. De qualquer forma, Maciel explicou que o câmbio do fechamento da dívida em abril foi de R$ 1,57 e que qualquer taxa que feche em maio acima deste valor dará contribuição para uma queda na dívida líquida.

Já a dívida bruta do governo geral – que considera governo central, Estados, municípios e exclui BC e empresas estatais -, segundo Maciel, deve fechar o mês de maio em 55,7% do PIB, ante os 56% de abril.