O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, se ateve a explicar a diferença entre a contabilidade “abaixo da linha” e “acima da linha”, depois de ser questionado sobre a revelação do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, de que uma operação realizada por banco privado nacional resultou na colocação de R$ 4 bilhões em créditos da União em uma conta paralela. Em momento algum Tombini citou o valor especificamente.

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“Temos o critério acima da linha, das entradas de receitas e despesas primarias – critério do Tesouro Nacional -, e temos um critério que olha pela ótica do financiamento do setor público não financeiro, olhando ativos e passivo no balanço”, disse. “Isso é clássico. Não são todos os BC que têm estatísticas fiscais, mas nós temos. É importante ter o BC fazendo essa conta pelo abaixo da linha no País”. Tombini disse, ainda, que o Banco Central já divulgou uma nota de esclarecimento sobre o tema.

“Nosso processo é um processo consagrado, segue as melhores práticas internacionais. Temos governança robusta com esse procedimento”, disse. “O procedimento se inicia com a captura do balanço de instituições financeiras no seu relacionamento com o setor público não financeiro. Esse processo passa por uma validação e uma checagem de consistência”, disse.

“Não há qualquer discrepância. O número do abaixo da linha de maio foi divulgado em junho. Existe um procedimento seguindo normas internacionais. Então é prática corriqueira, importante, com governança robusta”, disse. “Para questões adicionais, certamente o Congresso tem poder requisitório para acessar qualquer evento mais concreto que eu não posso aqui me aprofundar”, concluiu.

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Tombini sinalizou aos senadores que o caminho para obter esclarecimentos suplementares sobre o “caso dos R$ 4 bilhões” é por meio dos requerimentos de informação que os parlamentares podem fazer a ministros do governo federal.

“Essa foi uma questão tratada também pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que buscou esclarecimento sobre esse tema”, afirmou, em referência aos dois requerimentos de informação apresentados por Nunes no dia 14 de julho, direcionados ao Ministério da Fazenda e ao Banco Central sobre o caso. Aloysio Nunes não participava da sessão que ocorre na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal, quando Tombini citou os requerimentos.

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Os requerimentos são um dispositivo legal que cabem ao Congresso Nacional para obter informações específicas quanto a temas que contam com sigilo.

O “caso dos R$ 4 bilhões” foi revelado pelo Broadcast e jornal “O Estado de S. Paulo”, com informações do Banco Central. A descoberta da discrepância dos R$ 4 bilhões permitiu que o déficit primário de maio fosse de R$ 11 bilhões e não de R$ 15 bilhões, como informou o porta-voz do BC nas entrevistas gravadas concedidas à reportagem do Grupo Estado. Todas as informações foram repetidas em nota oficial do BC, divulgada no dia 15 de julho (um dia após os requerimentos perpetrados por Aloysio Nunes), quando o BC também informou que a área de supervisão estava analisando a operação de mudança de grupamento contábil realizada pelo banco privado.