Bancos apostam em dois anos de crise econômica

A pesquisa Projeções e Expectativas de Mercado da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostrou que 95% das 30 instituições consultadas acreditam que o período de desaceleração da economia mundial deve durar até dois anos. Os outros 5% restantes apostam que esta fase da economia deve perdurar por mais de dois anos. Em relação ao Brasil, para 67% das instituições financeiras a desaceleração da economia brasileira deve durar um ano e, para os 33% restantes, o desaquecimento da economia nacional terá duração de dois anos.

A pesquisa da Febraban, divulgada hoje, apontou que, para 78% dos entrevistados, o mundo vive agora o estágio intermediário da crise. Os otimistas correspondem a 13%, que vêem o atual momento como o estágio final. Já os pessimistas, minoria de 9%, acreditam que a crise apenas começou. Para a maioria dos entrevistados, 87%, a crise financeira deve contagiar a economia global. São apenas 13% que apostam que o contágio da economia real deve ser reduzido, dadas as medidas preventivas adotadas pelo governo.

No cenário internacional, a maior preocupação das instituições financeiras é com uma evolução da crise financeira na economia norte-americana, citada por 68% das instituições. Destas, 64% também destacaram a diminuição da liquidez mundial como motivo para preocupação. O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardemberg, destacou que apenas 21% das instituições citaram um eventual aumento da pressão inflacionária nos Estados Unidos como um fator a ser levado em conta em suas projeções.

No cenário doméstico, os maiores temores são a desvalorização da taxa de câmbio, lembrada por 75%, e a desaceleração do crescimento do volume de crédito, citada por 68%. Sardemberg acredita que o Brasil tem vivido uma situação menos complicada do que o resto do mundo com a crise financeira. “A situação do Brasil é comparativamente melhor do que a de outros países”, aponta. Ele cita o sistema financeiro capitalizado do País, o nível menor de alavancagem, a situação favorável das políticas institucionais brasileiras e o crescimento recente da economia doméstica como fatores importantes para o desempenho do País ao lidar com a crise.

Ele acredita que a situação dos países emergentes, em geral, é melhor do que a dos países desenvolvidos, mas aproveitou para ressaltar que os emergentes não constituem um bloco, vivem questões diferenciadas entre si. “Neste contexto todo, o Brasil está em uma boa situação”, minimizou.