Banco Central rejeita baixar juros artificialmente

Foto: Agência Brasil

Henrique Meirelles: controle
do Copom está correto.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que baixar a taxa básica de juros (Selic) artificialmente gera expectativa de inflação. Ele defendeu o controle da inflação feito pelo banco por meio das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).

 ?Acho que a ousadia tem que se dar com controle da inflação. Experiências de diversos países em que os Bancos Centrais têm tentado baixar a taxa de juros artificialmente têm levado a um aumento da expectativa de inflação, e um aumento da taxa de juros real no mercado?, afirmou Meirelles.

Ele acrescentou que medidas intervencionistas não funcionam. Já houve iniciativas no passado de tentativa de tabelamento, de controle por parte do governo, todas fracassadas. ?Acompanhamos isso não só no Brasil, mas em diversos países. Portanto, medidas autoritárias, intervencionistas, normalmente não funcionam?, disse.

Meirelles ressaltou que a contribuição que o Banco Central pode dar para estimular o crescimento do País é manter a estabilidade de preços. Isso significa manter a inflação dentro das metas do Conselho Monetário Nacional e ter uma administração da política cambial que assegure o bom funcionamento do mercado de câmbio, com equilíbrio do balanço de pagamentos.

Durante a audiência, Meirelles defendeu a atual política de câmbio flutuante, sistema em que as operações de compra e venda de moedas funcionam sem controle sistemático do governo.

Segundo ele, experiências de controle do câmbio de outros países não foram de sucesso, com exceção da China. ?A China tem 47% do PIB (Produto Interno Bruto) em poupança. Portanto, tem um volume enorme de recursos disponíveis, que não é o caso do Brasil. Eles têm também outras condições. Lá a Previdência Social é muito menor que a do Brasil, os direitos trabalhistas são outros. É uma outra estrutura econômica. É um outro modelo, um modelo concentrador?, argumentou.

O presidente do Banco Central disse que a tendência é de maior crescimento da economia, na medida em que a estabilidade econômica permita um aumento paulatino dos investimentos. ?Evidentemente, o crescimento do Brasil hoje não é o que desejamos mas é bem superior ao que se alcançou nas últimas décadas?, acrescentou.

Meirelles disse ainda que a instituição está aberta para discutir com o Congresso qualquer proposta de reforma do Banco Central. ?Não cabe ao BC opinar sobre sua própria independência. Mas há experiências, de vários países, de bancos centrais autônomos que tiveram sucesso, com taxas de juros mais baixas e taxas de crescimento mais positivas?, afirmou.

Cooperativas são o caminho para acesso ao crédito

Brasília (ABr) – O caminho para aumentar o acesso ao microcrédito é a criação de cooperativas. A afirmação é do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que participou ontem de audiência pública na Câmara dos Deputados.

Segundo Meirelles, nos quatro anos de gestão deste governo, foram criadas 300 cooperativas, sendo 120 de acesso livre ao crédito e 180 voltadas para públicos específicos.

Meirelles afirmou ainda que estão sendo tomadas outras medidas para aumentar a competitividade entre os bancos e demais instituições do sistema financeiro brasileiro, porque há uma maior estabilidade econômica. Ele citou como exemplo dessas medidas a criação de instrumento que permite a um pagador poder transferir recursos para diversos beneficiários correntistas de diferentes bancos.

Outra medida é a criação da central de risco, que permite ao consumidor tomar empréstimos de bancos dos quais não é correntista, em caso de financiamentos acima de R$ 5 mil reais. De acordo com Meirelles, a idéia é que esse benefício seja ampliado para empréstimos acima de R$ 3 mil e, posteriormente, a partir de R$ 1 mil. Ele citou ainda o cadastro positivo dos bons pagadores, que permitirá cobrar juros menores dos incluídos na lista.

Meirelles disse ainda que o volume de crédito ainda é pequeno, representando atualmente 33% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que no início do governo o índice era de 22%. ?Na economia e na vida, não necessariamente se dá passos gigantescos. O importante é que está crescendo?, afirmou.

Segundo levantamento da consultoria Austin Ratin, em países como China e Estados Unidos, essa relação entre crédito e PIB chega a 120%. No Chile, é de 65%. Na Bolívia, é de 55%.

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