O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) divulgou hoje a ata da última reunião do dia 30 de maio -que reduziu a taxa básica de juros, a Selic, a 8,5% ao ano- reiterando a necessidade de parcimônia no caminho dos juros.
Esta é a segunda ata consecutiva em que a autoridade monetária afirma que a flexibilização monetária deve ser conduzida desta maneira. A ata diz que a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que a esperada, e que a recuperação está sendo gradual.
A informação reitera tendência anunciada em abril de continuar reduzindo os juros -trajetória iniciada em agosto passado- para contornar a desaceleração da atividade econômica, marca do segundo semestre de 2011. Um dos objetivos da autoridade monetária é reduzir índices inflacionários (que vêm perdendo força, mas que fecharam o ano passado no teto da meta do governo, de 6,5%).
Diz o documento: “Mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia”.
Com um relatório praticamente igual ao da reunião de abril, o Copom aponta uma novidade no cenário inflacionário, com a redução da estimativa da inflação oficial para o centro da meta do governo, de 4,5% em 2012.
Pondera, por outro lado, que uma solução definitiva para a crise financeira da Europa parece distante. “Esses e outros elementos, portanto, compõem um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza muito acima do usual”.
O documento reafirma ainda que, devido ao cenário internacional turbulento, o cenário para a inflação é favorável. Mesmo assim, prevê uma demanda doméstica “robusta” para os próximos meses, com renda crescente e crédito em expansão.
“Esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política recentemente implementadas, que, de resto, são defasados e cumulativos”.
A ata aponta também que ocorreram “mudanças estruturais significativas na economia brasileira” que determinaram recuo das taxas de juros. “O processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito bem como pela geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB”.
Segundo a visão do comitê, a inflação acumulada em 12 meses, “que começou a recuar no último trimestre do ano passado, tende a seguir em declínio e, assim, a se deslocar na direção da trajetória de metas”.
Projeções de preços
“O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$ 2,05 e da taxa Selic em 9% em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2012 se reduziu em relação ao valor considerado na reunião do Copom de abril e se encontra em torno do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional.”
A autoridade monetária estima ainda que não deve haver reajuste nos preços da gasolina e do gás de bujão, para o acumulado de 2012, como já anunciado em abril.
Para os preços das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade foram mantidas as projeções de reajuste em 1,5% e 1,3%, respectivamente. Também foram mantidas a projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados em 4%, valor considerado na reunião de abril. Já para 2013, o reajuste deve ficar em 4,5%, valor já considerado na reunião anterior.


