Banco Central divulga dados sobre crédito pelo CEP do devedor

O Banco Central divulgou nesta sexta-feira (7), pela primeira vez, uma nova metodologia que permite a apuração do volume de operações de crédito pelas cinco regiões do País. Em vez de utilizar a Estatística Bancária (Estban), sistema formado por dados das agências, a nova metodologia consolida as operações pelo CEP do devedor, o que reduziria as distorções.

Segundo o diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, o total das operações apuradas no País em agosto atingiu R$ 986 bilhões, que corresponderam a 88,8% da carteira ativa do Sistema Financeiro Nacional. Deste total, R$ 583 bilhões foram contratados pelo segmento de pessoas jurídicas e R$ 402 bilhões por pessoas físicas.

De acordo com o BC, a consolidação dos empréstimos por agências, muitas vezes, não identifica a localização geográfica do tomador, já que o registro do crédito costuma ser feito em agências especializadas, muitas vezes em regiões distintas de onde se localiza o devedor. “A metodologia apresentada hoje reflete uma cobertura bastante ampla das operações de crédito no País, que permite a segmentação regional pelo CEP do tomador dos recursos, que agregamos por Estados e regiões”, explicou Mesquita.

Mesquita destacou a grande concentração de crédito na Região Sudeste, que foi responsável por uma participação de 57,7% do total, seguida pelas regiões Sul (19,3%), Nordeste (10,2%), Centro-Oeste (9,3%) e Norte (3,4%). O diretor ressaltou que a distribuição da oferta de crédito guarda uma correlação com o Produto Interno Bruto (PIB) em cada região. Em relação ao PIB nacional, o Sudeste possui uma participação de 57%, seguido pelo Sul (17%), Nordeste (13%), Centro-Oeste (9%) e Norte (5%).

Crise

Mesquita prevê que pode ter ocorrido uma redução na concessão de crédito no início do mês de outubro, por causa da crise financeira global. A restrição, no entanto, “não significa que desapareceu por completo o crédito, apenas a expansão se desacelerou”. Ele enfatizou que o banco ainda não possui dados completos referentes ao mês de outubro. “Ainda é precipitado estabelecer tendência de redução com base em dados incompletos de apenas um mês.”

Os dados relativos ao último trimestre do ano deverão ser observados ao longo do período, para serem apresentados apenas no próximo boletim trimestral, previsto para janeiro de 2009. “O nosso próximo boletim, que será divulgado em janeiro, incorporará os efeitos da crise internacional”, disse Mesquita.

Ele evitou traçar projeções sobre se o maior impacto da crise deverá ser observado no segmento de pessoas físicas ou jurídicas. “Vai depender do comportamento dos tomadores e ofertantes de recursos, teremos que olhar dados para o mês fechado de outubro, que provavelmente não será típico, mas não dá para afirmar de antemão que o crédito para pessoa física será mais afetado”, apontou.

As iniciativas adotadas pelo governo com o objetivo de irrigar o sistema financeiro com mais crédito poderão, conforme Mesquita, mitigar os efeitos da crise internacional.