Banco Central aponta queda menor dos juros

Brasília – O mercado financeiro aguarda a queda de um ponto nas taxas de juros este mês e em novembro, enquanto as previsões para dezembro ficaram em torno de um corte de 0,66 ponto percentual. Essa percepção de um ritmo mais lento na queda dos juros nos próximos meses foi captada pela pesquisa semanal feita pelo Banco Central (BC) com um grupo de 80 instituições financeiras divulgada ontem. Os percentuais, portanto, seriam inferiores aos 2,5 e 2 pontos de redução promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nas duas últimas reuniões.

Os juros, em conseqüência, sairiam dos atuais 20% para 17,34% ao ano no fim de 2003. O corte de 2004 no entanto ficaria restrito a 2,34 pontos percentuais, com a taxa básica indo para os 15% ao final do último mês do ano. A redução seria suficiente, entretanto, para deixar os juros no menor nível desde o início de 1998, quando o BC passou a operar com a fixação de taxas de juros anualizada.

A inflação, ao mesmo tempo, não apresenta sinais de descontrole na pesquisa. As estimativas de IPCA para 2004, em vez disso, recuaram de 6,20% para 6,10%, ficando dentro da faixa de variação da meta de 5,5% fixada para o próximo ano. As previsões para 2003 mantiveram-se em 9,68%, um nível inferior aos dois dígitos imaginados no começo do ano.

As projeções de comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), em contrapartida, continuaram conservadoras. As previsões para 2003 recuaram de 0,71% para 0,70%, um percentual no entanto superior ao 0,60% estimado pelo BC no Relatório de Inflação divulgado no final de setembro.

As estimativas para 2004 foram elevadas de 3,13% para 3.15%, uma projeção ainda abaixo dos 3,5% previstos pelo governo na proposta de lei orçamentária já encaminhada ao Congresso Nacional. Em 2000, a economia chegou a crescer 4,4% com a taxa de juros tendo caído 3,25 pontos percentuais, saindo de 19% do começo do ano para 15,75% ao ano.

Crescimento não espetacular

Porto Alegre

– Na avaliação do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, o Pais está transformando o governo do PT. Malan disse não saber quanto o governo conseguirá modificar o Brasil, mas acrescentou que “o País vem transformando o atual governo, ou pelo menos parte dele”. O comentário foi feito durante o 1.º Fórum de Finanças do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), em Porto Alegre (RS).

O ex-ministro e atual vice-presidente do conselho de administração do Unibanco lembrou dos compromissos assumidos pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no documento que divulgou em julho de 2002, a transição política e a superação do “quase pânico” vivido no final do ano passado, com a disparada do dólar entre abril (R$ 2,30) e setembro (R$ 3,90). Para responder ao presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Renan Proença, que o questionou sobre a consistência dos sinais de recuperação da atividade econômica, Malan analisou vários aspectos e previu que o crescimento “não será uma coisa espetacular”.

Ele disse que vê margem para a continuidade da queda dos juros, nominais e reais. “Quão intenso será o movimento, não vou especular, mas existe espaço para vários pontos percentuais de aqui até meados de 2004”, analisou. Ao prever se este desempenho terá seqüência, o ex-ministro citou os fatores que considera determinantes para isso: o equilíbrio macroeconômico, a estabilidade política e institucional, o crescimento sustentado e a melhoria das condições de vida da população. A retomada dos investimentos privados depende de confiança, clareza de regras, contextos regulatórios e do compromisso do governo com a responsabilidade macroeconômica, de acordo com o ex-ministro.

Sobre o câmbio, Malan disse que as intervenções devem ser uma exceção e não para alcançar determinada taxa, mas como forma de expressar preocupação com volatilidade excessiva. Para o ex-ministro, o Banco Central está fazendo isso de forma adequada.

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