Balança tem o maior superávit do Plano Real

A balança comercial na semana passada registrou o maior superávit semanal da história do Plano Real: US$ 712 milhões. Com isso, em apenas duas semanas, a balança já apresenta um saldo positivo de US$ 764 milhões no mês resultado superior ao melhor superávit mensal deste ano – US$ 675 milhões registrados em junho. Esse surpreendente saldo comercial numa única semana foi provocado pela regularização dos registros de exportações, depois da suspensão da greve dos auditores fiscais da Receita Federal na semana passada, e a aceleração dos embarques de produtos agrícolas, principalmente de soja.

(AE)

– Com o resultado da semana passada, o superávit comercial acumulado no ano subiu para US$ 3,370 bilhões, tornando mais próximas as previsões de que o saldo pode chegar a US$ 5 bilhões ao fim de 2002. Dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicaram que o impacto da primeira semana de normalização do trabalho dos fiscais da Receita foi maior no lado das exportações. A área técnica do ministério não espera um crescimento nas mesmas proporções das importações.

Segundo as informações do ministério, as exportações na segunda semana de julho chegaram a US$ 1,884 bilhão, com média diária de US$ 376,8 milhões, valor recorde da história do comércio exterior brasileiro. As importações totalizaram US$ 1 172 bilhão, com média diária de US$ 234,4 milhões.

A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Lytha Spíndola, explicou que boa parte do aumento das vendas externas no período se deve à regularização dos registros de exportações que já haviam sido embarcadas, mas não contabilizadas no Siscomex (sistema pelo qual são registradas as exportações e importações) em razão da greve dos fiscais da Receita Federal. Com a suspensão da greve, esses embarques foram registrados. Em situações especiais, a Receita Federal permite que o produto a ser exportado seja embarcado nos navios mediante a assinatura de um termo de responsabilidade pelo exportador. Essa prática é mais comum com os produtos que são embarcados nos navios a granel, como soja, minérios e petróleo em bruto.

Segundo Lytha, outro fator que influenciou a expansão das exportações foi o início mais forte dos embarques de soja e outros produtos agrícolas. É que este ano os exportadores, principalmente de soja, estavam aguardando preços melhores no mercado internacional para vender o produto. Com a melhora dos preços e uma taxa de câmbio mais favorável, os exportadores começaram a comercializar os estoques que estavam armazenados. De junho para julho, os preços da soja no mercado internacional subiram 5%, informou a secretária.

Impulsionadas pelas vendas de produtos básicos e semimanufaturados, a média diária das exportações apresentou um crescimento de 85,6% da primeira para a segunda semana de julho. As exportações de produtos básicos cresceram no período 239,4% e a de semimanufaturados tiveram expansão de 207%. A média diária das vendas de soja saltou de uma semana para outra de US$ 24,965 milhões para US$ 63,065 milhões e a de minérios passou de US$ 883 mil para US$ 44,489 milhões.

o contrário das previsões da maioria dos especialistas em comércio exterior, a secretária avaliou que as importações não devem ter “grandes saltos”. “O impacto na importações é mais diluído”, disse, ressaltando que não houve uma “explosão” nas importações após a suspensão da greve.

Voltar ao topo