Balança perde o fôlego em julho

Brasília  – A balança comercial abriu o mês de julho com um superávit de US$ 346 milhões, elevando para US$ 10,744 bilhões o saldo acumulado no ano. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foram exportados entre os dias 1.º e 7 deste mês um total de US$ 1,139 bilhão em produtos, e importados outros US$ 793 milhões. As exportações começaram a dar sinais de queda, o que pode ser um reflexo da valorização do câmbio no primeiro semestre, que acumulou alta de 11%. Por outro lado, as importações na primeira semana de julho tiveram a segunda melhor média diária registrada até agora em 2003.

Nos primeiros sete dias do mês, o Brasil exportou uma média diária de US$ 284,8 milhões em produtos, o que representou queda de 3% em relação à média registrada ao longo de junho, de US$ 293,7 milhões. A média diária de venda de produtos brasileiros no exterior vinha crescendo desde janeiro mas começou a recuar a partir de junho, depois de ter batido no pico de US$ 303,4 milhões em exportações ao dia ao longo de maio.

De acordo com os dados apurados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), essa queda de 3% foi puxada pela retração na venda de produtos básicos, que caíram 17,8% no período, e de manufaturados, que registraram recuou de 6,9%. Os semimanufaturados tiveram, por sua vez, uma melhora nas vendas, registrando aumento de 48,1% no período.

Ao contrário das exportações, a média diária de importações feitas na primeira semana do mês foi de US$ 198,3 milhões, a segunda mais alta registrada pelo governo até agora em 2003. O valor apurado perde somente para a média de US$ 199,9 milhões em importações, registrada em abril. O volume de compra de produtos no exterior nesses primeiros dias de julho ficou 12 5% superior à média apurada durante todo o mês de junho, quando foram importados cerca de US$ 175,9 milhões ao dia.

Houve aumento de 76,9% na aquisição de combustíveis e lubrificantes, de 19,6% na compra de equipamentos elétricos e eletrônicos e de 61,6% na importação de adubos e fertilizantes.

Apesar desses indicativos, o comportamento das exportações e das importações neste mês, em relação ao ano passado, ainda é favorável em termos de saldo comercial. A média diária de exportações da primeira semana do mês ficou 5,2% superior à registrada em julho de 2002. As importações, por sua vez, ficaram 9,2% abaixo do registrado em julho do ano passado.

Austrália se une ao Brasil contra subsídios

Brasília – A exemplo do açúcar, a Austrália poderá ser parceira do Brasil no painel (comitê de arbitragem) que o País move na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios americanos à produção de algodão. A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que esteve reunido ontem com o ministro da Agricultura, Pesca e Florestas da Austrália, Warren Truss. “A Austrália manifestou a possibilidade de estar junto com o Brasil no painel do algodão contra os Estados Unidos”, afirmou.

Rodrigues disse que a forma dessa parceria terá de ser avaliada, pois o painel do algodão na OMC já foi iniciado pelo governo brasileiro. Na semana passada, após quase dois anos de discussões, os governos do Brasil, Austrália e Tailândia bateram o martelo no pedido de comitê de arbitragem contra os subsídios dados pelos europeus no açúcar. O processo deverá começar no dia 21, em Genebra.

Os exportadores de produtos agrícolas que compõem o Grupo de Cairns – formado por 17 países, incluindo Austrália e Brasil – tentarão fechar posição única sobre o documento elaborado pelo mediador agrícola na OMC, Stuart Harbinson, e sobre a Política Agrícola Comum (PAC) até o dia 29 de julho. É que, nessa data, ocorre a reunião pré-ministerial da OMC, em Montreal. Segundo Rodrigues, o Brasil analisará os dois documentos para encontrar os pontos de interesse do agronegócio brasileiro.

“Enviaremos à Austrália e aos demais integrantes do Grupo de Cairns nossas avaliações e aguardaremos as posições deles. Queremos ter posições homogêneas já em Montreal e depois em Cancún”, afirmou, referindo-se ao encontro da OMC programado para setembro no México. Ele disse que ficou claro para o ministro Warren Truss que o governo brasileiro trabalha de maneira integrada: Itamaraty e ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o da Agricultura.

Truss reafirmou que o Grupo de Cairns “vê com bons olhos” a nova PAC da União Européia, mas a considera muito modesta. Ele lembrou que o desvio dos subsídios da produção dificultou a análise da nova PAC. Ele lembrou que as cotas estabelecidas pela União Européia dificultam as exportações de produtos da Austrália, entre eles açúcar, lacticínios e carnes. A Austrália pode enviar sete mil toneladas de carne bovina à União Européia anualmente, “não importando a qualidade de produção da Austrália e a necessidade de importação da União Européia”.

A Austrália é grande exportadora de carne bovina. Para os Estados Unidos, os embarques anuais de carne bovina somam 400 mil toneladas e para o Japão chegam a 350 mil toneladas.

Voltar ao topo