Baixa oferta pressiona valor dos aluguéis

A baixa oferta de imóveis para locação já está refletindo nos preços dos aluguéis em Curitiba. Conforme levantamento do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), os aluguéis subiram, em média, 19,6% em um ano – o metro quadrado passou de R$ 5,72 em maio do ano passado para R$ 6,84 em maio último.

?Houve uma redução drástica de imóveis para locação, principalmente de dezembro para cá?, confirmou o vice-presidente de locação e administração do Secovi-PR, Luiz Alfredo Dornfeld, lembrando que a vinda de duas grandes empresas para Curitiba – e conseqüentemente a transferência de dezenas de funcionários – fez disparar a procura por imóveis para locação no início do ano. Segundo Dornfeld, o grande problema é a não reposição de estoques. ?A construção civil ainda está lenta em comparação à década de 90. Como nosso mercado é abastecido pelos usados, se não há imóveis novos ofertados, as pessoas não se mudam. Isso não é bom.?

Outro fator que vem contribuindo para o aumento de demanda por locação é a mudança de perfil. ?Antes as pessoas tinham emprego que era para a vida toda. Agora, nem a empresa, nem o cargo são para a vida toda, e as pessoas querem mobilidade, liberdade?, apontou o vice-presidente do Secovi-PR. Segundo ele, há pessoas que passam anos pagando aluguel, por simples opção. ?Elas podem comprar, mas preferem morar em um imóvel alugado porque assim têm mobilidade maior.? Tal movimento, de acordo com Dornfeld, vem sendo observado desde a década de 90. ?Está se formando uma cultura nova. Além de as pessoas não verem mais o emprego como algo para o resto da vida, também não vêem a moradia dessa forma.?

Mais procurados

Entre os imóveis mais procurados estão aqueles com aluguel de até R$ 600,00, no máximo R$ 800,00, de todos os tamanhos – até mesmo os com apenas um dormitório. Já os que estão tendo pouca saída são os apartamentos de luxo, com aluguel de R$ 2 mil, R$ 3 mil. Imóveis com este padrão, segundo Dornfeld, que antes eram locados por R$ 4 mil, agora estão saindo por R$ 2,5 mil. Já os bairros mais demandados, permanecem os tradicionais: Cabral, Juvevê, Portão, Água Verde, Champagnat.

Com relação à velocidade de locação, Dornfeld afirmou que cerca de um ano atrás era de 20% – de cada cem imóveis, vinte eram locados em um mês. Agora é de 40%. ?Não que estejam necessariamente alugando mais, mas diminuiu a quantidade ofertada?, explicou. ?Um apartamento que se levava três meses para alugar, agora demora dois ou até menos?, observou.

Com a grande demanda, reduziu o poder de barganha do futuro inquilino. ?Há um ano, um imóvel que era anunciado a R$ 600,00 o aluguel, o negócio fechava em R$ 500,00, R$ 550,00. Agora, sai por R$ 600,00?, afirmou. Apesar disso, ponderou, o preço da locação em Curitiba ainda está abaixo de 1% do valor do imóvel – passou de 0,6% a 0,7% no ano passado para 0,7% a 0,8% este ano. ?Não vemos (este aumento) com bons olhos, porque quando falta imóvel o mercado fica um pouco caótico. Dificulta a mobilidade das pessoas, e elas acabam se contentando onde moram.? Dornfeld negou, no entanto, que o mercado já esteja estagnado.

Sem solução

O vice-presidente não acredita em uma solução capaz de reverter o quadro a curto prazo. ?A solução seria a alavancagem da construção civil, o que depende do investimento público e privado. Também há a questão da capacitação de pagamento das pessoas?, observou.

Ele também criticou a falta de incentivo por parte do governo federal. ?Não há incentivo algum para investir em imóvel para locação. Além disso, os processos protegem mais o devedor do que o credor?, criticou, referindo-se à pesada carga tributária e à ?insegurança jurídica? nas ações de despejo por inadimplência. Na década de 70, lembrou, os investidores de mercado compravam cerca de 35% dos imóveis novos. Hoje, esse índice não chega a 4%. ?O investidor não vê com simpatia o mercado de locação.? 

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