Avestruz surge como opção para criadores

Criadores de avestruz de Curitiba e região querem consolidar de vez a estrutiocultura (criação da ave) em todo o Estado. Na semana passada, vinte deles instituíram a Cooperativa de Criadores e Produtores de Avestruz (Coavestruz), com sede em Curitiba. O objetivo é fomentar a atividade, especialmente na Região Metropolitana, onde as propriedades são pequenas e as opções de criação são restritas.

“Quase tudo é inviável nas pequenas áreas. Um boi, por exemplo, precisa de 10 a 20 mil metros quadrados de área para ser criado. Com o avestruz é diferente. Cada casal em reprodução precisa de apenas mil metros quadrados”, explica Roberval Kugler Mendes, diretor da cooperativa e criador de avestruz há cerca de três anos. Segundo ele, em uma área de dois alqueires é possível criar até cem aves. “Com eles não há problema de espaço”, garante.

Advogado, ele conta que começou a atividade como um hobby, assim como a maioria dos demais membros da co-operativa. “Com o tempo, vimos que é um bom negócio, principalmente para quem tem pequena ou média propriedade”, afirma, acrescentando que se trata de uma boa alternativa, inclusive para quem tem a chácara apenas como um local de lazer nos finais de semana. “Uma pequena criação paga as despesas de manutenção e até pode ser lucrativa”, diz.

Outra vantagem é o aproveitamento quase integral do avestruz, da carne ao couro, passando pelas plumas (o Brasil é o maior importador mundial, especialmente por conta do Carnaval), o casco, os ovos – aqueles que não vingaram podem ser utilizados pela cultura ucraniana e polonesa para a fabricação de pêssankas. Também os filhotes, quando não sobrevivem, podem ser vendidos para serem empalhados, transformando-se em ornamentos.

Medo de investir

“As pessoas têm medo de investir porque não sabem como funciona a criação de avestruz. Na cooperativa, elas terão todo o apoio e assistência”, garante o presidente da cooperativa, Dymphnus Roelan Vermeulen Júnior. A cooperativa pretende contemplar todo o ciclo produtivo da ave, desde a incubação, criação, abate e comercialização, visando tanto ao mercado interno como o externo.

Por enquanto, a cooperativa ainda não iniciou a produção para abate, devido à pouca quantidade disponível. Os 20 criadores têm juntos cerca de 400 aves. “Estamos na fase de formação de plantel”, explica Júnior. Segundo ele, a expectativa é atingir, daqui a dois anos, entre 5 e 6 mil filhotes. “Nossa expectativa é chegar a 1,2 mil filhotes já na safra 2003/2004”, diz, referindo-se ao período de procriação, que vai de setembro a fevereiro. Todas as aves comercializadas são microchipadas, e existe um banco de dados sobre a procedência, o que garante a qualidade das mesmas.

Serviço: A sede da Coavestruz fica na Rua Helly de Macedo Souza, 156 – Jardim Social. Telefones para contato: (41) 264-7060 ou (41) 9963-4024, com Loriel Zanlorenzi.

Dicas para quem está começando

Para quem pretende apostar nesse ramo, o presidente da Coavestruz, Dymphnus Roelan Vermeulen Júnior, aconselha a compra de filhotes e não de um casal reprodutor. “Normalmente são descartados os casais que não são muito bons”, diz. Um casal em reprodução custa aproximadamente R$ 6 mil, enquanto o filhote, R$ 800,00. Segundo o criador, o ideal é começar com três ou quatro casais de filhotes, o que significa um custo de R$ 4,8 mil a R$ 6,4 mil.

O avestruz começa a reproduzir a partir dos três anos de idade e chega a pôr 60 ovos por ano, o que resulta em aproximadamente 20 filhotes anualmente. “A fêmea procria até os 30 anos de idade e vive até os 70”, revela o criador Roberval Kugler Mendes.

A ave é abatida quando atinge 120 quilos, e o quilo da carne é vendido por cerca de R$ 80,00. Já o couro da ave, curtido, é avaliado em aproximadamente R$ 600,00. Com relação aos custos, a despesa inicial é composta pela compra das aves – algo em torno de R$ 6 mil – e a construção de um piquete – aproximadamente R$ 1 mil. Já a manutenção por ave é de cerca de R$ 400,00 por ano. “É um custo menor do que o de um cão de estimação”, compara Mendes. (LS)

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