O shopping não é mais o mesmo. Pressionado pelo avanço do comércio online que mudou a forma como as pessoas fazem compras, seja na loja física, na tela do celular ou até misturando vários canais de vendas, o templo do consumo está reagindo para sobreviver. Além de oferecer cada vez mais serviços, espaço para lazer e conveniência, muitos shoppings estão assumindo uma nova função: começam a virar também uma espécie de minicentros de distribuição de mercadorias adquiridas nas lojas online e no marketplace, que é o shopping virtual, inclusive dos próprios shoppings.

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Hoje metade dos centros de compras ligados a grandes grupos do setor já tem iniciativas digitais e a outra metade estuda ter shoppings virtuais, afirma o presidente da a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai. “Este ano será marcado por uma virada na transformação digital dos shoppings”, diz.

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Em dois anos, 27 milhões de brasileiros farão sua primeira compra online, aponta uma pesquisa do Google. “É muita gente e se todo ano esse número aumenta, temos que reagir de alguma forma”, diz Laureane Cavalcanti, diretora executiva de marketing do Grupo Sonae Sierra Brasil. A reação, segundo ela, é trazer o mundo digital para dentro do shopping.

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Em maio, a companhia vai colocar em operação o marketplace de um dos dez shoppings do grupo, o Parque Dom Pedro, em Campinas (SP). A intenção é ter um shopping virtual que atue regionalmente, mas na área de influência do shopping, que abrange as cidades paulistas de Americana, Paulínia, Indaiatuba e Jundiaí.

Distribuição

O projeto piloto conta com adesão inicial de 30 das 400 lojas e reúne vários sistemas de entrega. Ele prevê que o consumidor poderá receber a compra em casa, retirar a mercadoria no shopping numa área reservada ou até sem sair do carro, num drive-thru. O grupo negocia com uma empresa de entregas a montagem de um centro de distribuição dentro do shopping.

No prazo de um ano, quando o projeto estiver a todo vapor, a intenção é entregar as compras em duas horas. “O meu ‘last mile'(última milha) vai ser muito curto. Isso me garante uma posição no ranking super boa quando o cliente procurar onde comprar pelo prazo de entrega mais curto”, diz ela.

Última milha

Melhorar a experiência na fase final de uma compra online é um dos maiores desafios do comércio eletrônico, já que o prazo de entrega e o custo do frete são os grandes motivos de insatisfação do consumidor.

“Os shoppings da CCP querem ser a última milha do varejo virtual, além de um lugar de compras, entretenimento”, diz o presidente da CCP, Pedro Daltro. Desde 2017, a companhia criou um marketplace para cada um dos seis shoppings. Hoje são 300 lojistas que participam do shopping virtual. A meta é chegar a 500 neste ano.

Vizinhança

Com o avanço do comércio online, Daltro afirma que o shoppings, por estarem próximos dos consumidores, acabaram assumindo mais uma função: a de minicentros de distribuição. “Não podemos viver do varejo como se vivia antigamente”, diz.

Hoje, as compras feitas no marketplace dos shoppings da CCP são retiradas pelo consumidor no shopping e isso pode gerar novas compras por impulso. Até agora, os shoppings virtuais agregaram, em média, 5% às vendas dos shoppings físicos da companhia. O plano para este ano é iniciar o sistema de entrega em domicílio, no prazo de meia hora para pedidos feitos por clientes que estão a cinco quilômetros dos shoppings.

Procurado, o Shopping Iguatemi, o primeiro do Brasil, informa que pretende lançar o seu marketplace até meados do ano. O shopping virtual vai atender ao País inteiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.