Avança negociação para certificação de origem da carne

As conversas entre frigoríficos, organizações não governamentais (ONGs) e varejistas estão avançando desde o início do mês para criar um sistema unificado de certificação a fim de garantir a origem da carne comercializada no mercado interno. Denominado G5, os cinco maiores frigoríficos do País (JBS, Bertin, Marfrig, Minerva e Frigol) se juntaram para harmonizar o processo de sustentabilidade na venda de carne no Brasil e buscar soluções em conjunto com o Greenpeace, Ministério da Agricultura, o Ministério Público Federal do Pará e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Em julho, a Abras decidiu que os supermercados associados à entidade passariam a cobrar de seus fornecedores uma certificação de origem da carne. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, o programa foi desenvolvido pela consultoria SGS e já está pronto. A apresentação oficial deve ser realizada em breve, mas, segundo o diretor executivo da Bertin, Fernando Falco, o processo vai envolver aspectos abordados no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado entre o Ministério Público do Pará com alguns frigoríficos, a Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica atrelada ao cadastro ambiental dos pecuaristas e o monitoramento por satélite.

Segundo Falco, a Abras está se propondo a não mais comprar carne dos frigoríficos que não seguirem os processos estabelecidos, o que permitirá uma maior controle no setor. “A ideia é que o processo seja, num primeiro momento, educativo, para se tornar compulsório no futuro”, afirma Falco, ao lembrar que o sistema será utilizado em toda a região do bioma amazônico, com objetivo de solucionar os problemas de desmatamento enfrentados pelos frigoríficos e pelos próprios varejistas.

O ministério da Agricultura deve anunciar na segunda semana de dezembro a implantação da GTA eletrônica vinculada ao cadastramento ambiental dos pecuaristas no Pará. A ideia é que haja um cadastramento voluntário dos pecuaristas junto à Secretaria de Meio Ambiente do Estado, que passaria a fornecer os dados ambientais para emissão da GTA, necessária para a comercialização de gado. “Não é possível vender sem a GTA e essa guia passará a ter dados ambientais dos pecuaristas”, diz Falco.

As ONGs, por sua vez, sob a liderança do Greenpeace, serão responsáveis pelo monitoramento por satélite das regiões produtoras. Esse monitoramento levantará os pontos georreferenciais dos fornecedores, que serão cruzados com os dados fornecidos pelos pecuaristas às secretarias de meio ambiente. Segundo Falco, os frigoríficos disponibilizarão a estrutura para cadastro e subsidiarão parte do processo de cadastramento dos pecuaristas. “Dessa forma conseguiremos solucionar praticamente todos os problemas dos frigoríficos”, afirma Falco.

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