Aumento do diesel reajusta o frete

Os transportadores rodoviários de cargas estão reajustando os fretes em 17,85%, de acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas (NTC). O percentual estaria cobrindo apenas os custos do setor, corrigindo em parte a defasagem provocada pelos sucessivos aumentos no preço do óleo diesel, desde novembro do ano passado.

Rui Cichella, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar), alerta que não se pode tentar equiparar o preço dos combustíveis às altas do dólar porque mais de 80% do petróleo utilizado no Brasil é nacional, ou seja, não há justificativa para os constantes aumentos nas bombas. “O óleo diesel subiu 21% desde novembro passado e como o combustível representa de 30% a 35% do valor do frete, não é sem razão que desde o dia 1.º de janeiro deste ano as empresas de transporte de cargas começaram a repassar os aumentos ao frete”, justifica.

De acordo com estudos da NTC, baseados em planilhas da Fipe/USP (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo), desde novembro de 2002, o óleo diesel já acumula uma alta de 43,15%. Além da variação do diesel, os estudos da entidade comprovaram reajustes acumulados de 30,8% em serviços de recapagem, 25,75% (furgões), 15,08% (pneus), 15,3% (óleo de câmbio), 14,62% (câmaras), 13,17% (terceiro eixo), 10,65% (veículos), 10,13% (seguros), 8,26% (rodoar) e 6,93 (protetores). Apenas o aumento do custo variável do veículo, no período, chega a 24,35%.

O Departamento de Custos Operacionais (Decope) da NTC também apurou que, só para cobrir os aumentos de custo após 7 de novembro de 2002 e sem considerar outras defasagens, serão necessárias correções imediatas de todos os componentes tarifários entre 13,16% e 17,85% nos preços praticados pelas empresas de transporte de lotação; e entre 5,17% e 12,84% nos preços praticados pelas empresas de transporte de cargas fracionadas. Para outras faixas de distância e especialidades, bem como para períodos de correção anteriores a 7 de novembro de 2002, os percentuais são mais altos. Neste caso, quanto maior o período e a distância, maior será o reajuste, fortemente influenciado pelo óleo diesel e por outros itens de custo variável.

O Setcepar lembra, ainda, que nesse momento os reajustes dos fretes não levam em conta a negociação salarial do setor prevista para 1.o de maio, no Paraná e na maioria dos estados brasileiros. Dessa forma, haverá aumento nas folhas de pagamentos das empresas de transporte, razão pela qual será inevitável nova revisão nos valores de fretes no final de abril. Esse conjunto de fatores tem feito com que muitas empresas não consigam sobreviver e fechem suas portas. Em Santa Catarina, segundo a Fetrancesc, Federação do Transporte de Cargas daquele estado, 12% das 7,5 mil empresas da área já pararam de trabalhar. No país, esse índice chega a 25% das 42 mil empresas.

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